Descrição de chapéu inflação juros

Para gestora BlackRock, não é hora de vender Brasil

Gestora tem dois terços dos US$ 2,5 bilhões investidos na América Latina alocados no Brasil

Sede da BlackRock em Nova York
Sede da BlackRock em Nova York - AP Photo/Mark Lennihan
FLAVIA LIMA
São Paulo

"Expectativa de continuidade da política econômica, preços das commodities, reação dos resultados das empresas e melhora da governança das companhias finalmente começam a atrair o investidor global, que não se interessava em entender o que ocorria em Brasília e os efeitos disso sobre a economia Will Landers gestor responsável pelos fundos de investimento voltados para a América Latina da BlackRock

Não é hora de deixar o Brasil, diz Will Landers, gestor responsável pelos fundos de investimento voltados para a América Latina da BlackRock, gigante americana com US$ 6,3 trilhões sob gestão.

Landers retorna aos EUA no fim da semana, após cumprir uma série de compromissos no Brasil. Em sua fala ele se refere, no entanto, aos investimentos que a BlackRock tem na Bolsa brasileira.

A gestora mantém atualmente US$ 2,5 bilhões investidos exclusivamente na América Latina, dos quais dois terços estão em Brasil. Em março de 2016, o percentual estava bem abaixo disso, em torno de 45%.

Empresas brasileiras aparecem ainda em fundos de emergentes e em fundos globais, mas estes não estão sob a responsabilidade do gestor.

Nos fundos de América Latina, a fatia de Brasil subiu 20 pontos em dois anos. Ainda assim, Landers diz que a Bolsa brasileira se mantém atrativa porque está 45% abaixo do pico em dólares, embora ronde seu recorde em reais.

Para o gestor, é improvável que a Bolsa volte às máximas em dólar em razão de preços mais baixos do petróleo e do minério de ferro, algo que afeta empresas como Petrobras e Vale. Mas ainda há espaço para ganhos, diz ele, a despeito do movimento mais recente de realização de lucros do investidor estrangeiro.

Entre as principais apostas da gestora estão o setor financeiro, que deve se beneficiar da retomada do crédito, e o varejista, influenciado pela expectativa de crescimento de 3% da economia nos próximos quatro anos.

Landers não fala em companhias específicas, mas diz que a carteira está voltada também para os setores de petróleo e de minério, além de ter uma participação no setor siderúrgico --que deve se beneficiar da retomada da economia, apesar das medidas tarifárias americanas.

"Acredito que somos uma das carteiras mais bem posicionadas no Brasil que vai dar certo", diz o gestor, ao ressaltar que a posição de suas carteiras supera a do índice que serve de parâmetro para a América Latina (o MSCI), que tem cerca de 57% em Brasil.

Depois de Brasil, o México tem 20% das carteiras da região e a Argentina, 5%. O restante está distribuído entre ações chilenas, colombianas e peruanas.

Juro baixo

O otimismo de Landers se escora na expectativa de continuidade na condução da política econômica após as eleições e em um cenário mais favorável, que engloba bons preços das commodities, reação dos resultados das empresas e melhora da governança das companhias.

"O quadro finalmente começa a atrair o investidor global que não estava interessado em entender o que estava ocorrendo em Brasília e o efeito disso na economia".

Além dos estrangeiros, Landers avalia que os juros mais baixos levarão à Bolsa investidores institucionais locais, como fundos de pensão e fundos de investimento, já que os títulos públicos terão rendimento menos atrativo.

Às vésperas da reunião do Banco Central, nesta quarta-feira (21), diz que há mais espaço para outro corte nos juros. "Finalmente, o mercado se deu conta de que a Selic pode chegar a 6,5% ou até um pouco menos porque a inflação está sob controle".

Para Landers, as companhias brasileiras fizeram ajustes durante a crise, que se revertem agora em margens melhores. Mais saudáveis, as empresas vão se beneficiar de juros mais baixos e de crescimento maior.

Embora a reforma da Previdência não tenha sido aprovada, diz ele, há compreensão em Brasília de que algo precisa ser feito. "Eles [os políticos] só não querem defender isso em ano eleitoral."

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