Descrição de chapéu Fórum Econômico Mundial

PIB cresceria 16% com mais mulheres no mercado, diz BID

Igualdade de gênero no trabalho traria benefícios econômicos para América Latina

Érica Fraga
São Paulo

O impacto econômico da desigualdade de gênero no mercado de trabalho foi ressaltado nesta quinta-feira (15) no Fórum Econômico Mundial para a América Latina.

O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Luis Alberto Moreno, afirmou que, se os países latino-americanos conseguissem equiparar a participação feminina à masculina no mercado de trabalho, o PIB (Produto Interno Bruto) da região teria um aumento de 16%.

“A igualdade de gênero não é importante apenas do ponto de vista de igualdade. Também pode ser visto como um enorme dividendo para o crescimento”, afirmou Moreno.

Durante uma entrevista coletiva sobre equidade, o lado econômico do hiato que separa homens e mulheres no mundo laboral foi citado várias vezes.

“Por muitos anos, o tema de participação da mulher no mercado de trabalho foi visto apenas sob a perspectiva da equidade, do ponto de vista dos direitos. Mas é necessário também dizer que é bom negócio, faz sentido para os países, as economias e as empresas”, disse Isabel Alvarado, vice-presidente e ministra de relações exteriores do Panamá.

A vice-presidente do Panamá, Isabel de Alvarado, participa do Fórum Econômico Mundial, em São Paulo
A vice-presidente do Panamá, Isabel de Alvarado, participa do Fórum Econômico Mundial, em São Paulo - Folhapress

Para ela, as mulheres deveriam ter uma presença no mercado equivalente à sua representação populacional, próxima a 50% do total.

Mas, segundo um relatório sobre gênero divulgado recentemente pelo Fórum, no ritmo atual de progresso, vai demorar 64 anos para que essa igualdade seja atingida na América Latina. 

Por isso, Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, defende que sejam adotadas cotas para forçar que esse processo ocorra mais rapidamente.

“É um mecanismo transitório para acertar uma desigualdade”, afirmou Trajano.

Segundo a executiva, a representatividade feminina é ainda menor em posições mais importantes. Ela mencionou que a presença de mulheres em conselhos de empresas listadas na bolsa de valores é de apenas 7% no Brasil.

“Se tirarmos as donas e filhas das donas como eu, cai para 3%. Vai demorar 110 anos para a gente ter 20% de mulheres em conselhos”, afirmou Trajano. 

O debate sobre a igualdade de gênero tem ganhado força à medida que pesquisas recentes indicam o impacto econômico da queda da discriminação.

A consultoria PwC divulgou na semana há pouco um estudo que estima que a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) poderia incrementar seu PIB em 12% se cada país do grupo atingisse o patamar de presença feminina no mercado da Suécia, uma das nações onde a igualdade entre gêneros se destaca. 

A Folha publicou recentemente reportagem sobre uma dissertação de mestrado que indica que a discriminação contra mulher freia o crescimento econômico dos municípios brasileiros.

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