Depois de crescer quatro meses consecutivos, de setembro a dezembro de 2017, a produção industrial caiu 2,4% em janeiro, na comparação com dezembro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (6). Esse foi o pior início de ano desde 2012 (-4,9%).
Na comparação com janeiro de 2016, porém, a produção subiu 5,7%, e em 12 meses a indústria acumula alta de 2,8%.
Os números vieram piores do que o captado por levantamento da agência Reuters, em que economistas previam queda de 1,9% na variação mensal e alta de 5,85% na comparação anual.
André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, diz que o resultado de janeiro não pode ser considerado isoladamente, porque é influenciado pela produção de dezembro.
"Parece ser um ajuste, uma acomodação do setor que mantém sua velocidade moderada. Não se espera reversão de tendência em 2018, mas será naquele ritmo [gradual] conhecido e esperado", disse André Macedo, gerente da pesquisa.
Dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados na quinta-feira (1º) mostram que a indústria cresceu 0,5% no quarto trimestre de 2017, em relação ao trimestre anterior, e 2,7% ante o mesmo período de 2016. No acumulado do ano passado, porém, ficou estável.
Setores
A queda na atividade industrial em janeiro foi generalizada, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE.
A principal influência negativa veio da indústria de automóveis, que recuou 7,6% em janeiro, depois de ter crescido 9,1% em dezembro.
Também contribuíram para a baixa os segmentos de metalurgia (-4,1%), produtos de borracha e de material plástico (-5,4%) e produtos alimentícios (-1,1%).
Macedo afirmou que o setor de veículos foi decisivo tanto para o crescimento da indústria em dezembro quanto para sua queda. "A indústria automobilística tem um forte efeito de encadeamento e afeta diversos ramos", disse o pesquisador.
Por outro lado, os veículos exerceram a maior influência positiva na comparação com janeiro de 2017. O crescimento de 5,7% da indústria foi verificado em 20 dos 26 ramos industriais, e veículos registraram alta de 27,4%.
Na esteira do desempenho fraco de veículos, a categoria de bens de consumo duráveis mostrou a queda mais acentuada na comparação mensal (-7,1%) e eliminou parte da expansão de 9,8% acumulada nos dois últimos meses de 2017.
Os segmentos de bens intermediários (-2,4%) e de bens de capital (-0,3%) também recuaram em janeiro.
O único a crescer (0,5%) foi o setor de bens de consumo semi e não duráveis.
Entre os cinco ramos que ampliaram a produção no mês, os desempenhos de maior importância foram registrados por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (21%), bebidas (5%) e indústrias extrativas (2,2%).
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