Descrição de chapéu Fórum Econômico Mundial

Trânsito desastroso de SP mostra que há muito a ser feito, diz chefe da Siemens

Para Joe Kaeser, se o Brasil tiver um plano para combater o engarrafamento, o dinheiro virá

Flavia Lima
São Paulo

​​Para atrair investimentos em infraestrutura, o Brasil precisa de um plano de longo prazo e que não dependa do governo de ocasião, concluíram os participantes de debate sobre infraestrutura na América Latina no segundo e último dia do Fórum Econômico Mundial em São Paulo. 

Já na abertura do painel, o moderador disse, entre risadas da plateia, que o trânsito em São Paulo na manhã desta quinta (15) deixou claro o quanto o país precisa de melhorias nos projetos de uma maneira geral.

“A China tem um plano de infraestrutura e a Índia também. Uma vez que o Brasil tiver um plano, o dinheiro virá”, disse o presidente da Siemens, Joe Kaeser. 

Segundo Kaeser, é preciso pressionar o governo para que os projetos saiam do papel. “O governo acaba em outubro, espero que não leve tanto tempo para as coisas retornarem”, disse. 

Kaeser disse ainda que seria “um prazer investir um bilhão de euros amanhã” no Brasil, se houvesse um plano. Mas seria preciso que o governo desse ouvidos ao setor privado. 

“São Paulo tem um trânsito desastroso. Há coisas que dão para fazer e não estão sendo feitas”, disse. 

Kaeser, no entanto, se disse confiante, em especial com as PPPs (Parcerias Público-Privadas). “Estamos aqui há 50 anos e não queremos ir embora”.

Joe Kaeser, presidente da Siemens no Fórum Econômico Mundial, em São Paulo
Joe Kaeser, presidente da Siemens no Fórum Econômico Mundial, em São Paulo - Folhapress

Rodolfo Spielmann, chefe para América Latina do fundo de pensão canadense CPP, disse que há grande liquidez internacional, mas investir no Brasil não seria só uma questão de disponibilidade de capital, mas de bons projetos. 

O CPP começou a investir na América Latina em 2006, mas chegou ao Brasil apenas no ano passado, com o investimento em Votorantim Energia. 

O Brasil, disse Spielmann, deveria seguir algumas premissas estabelecidas por outros países como a criação de projetos de longo prazo e que sobrevivam a mais de um mandato governamental; a existência de um ambiente regulatório estável e projetos que dependam menos de licenças ambientais e que sejam menos sujeitos a riscos de construção.

Questionado sobre a operação Lava Jato, Spielmann disse ainda que há um esforço para explicar aos canadenses o que ocorre no Brasil. 

“Há cinco ou dez anos, as coisas eram bonitas “para gringo ver, mas hoje vemos o problema. Acho que essa tendência é longa e ocorre não só no Brasil, mas na América Latina. Estamos no caminho correto”. 

Georgina Baker, vice-presidente do IFC (International Finance Corporation), braço de desenvolvimento do Banco Mundial voltado ao setor privado, ponderou que apresentar um plano de infraestrutura não é tudo, mas outras questões, como a regulatória, são igualmente importantes. 

Ela lembrou ainda que, quando se fala em parcerias entre o público e privado, é preciso lembrar que os governos estão endividados. “Não é tão simples”, disse. 

Baker disse que, para boa parte dos investidores, é mais fácil olhar para mercados mais familiares, mas que a expertise do IFC “dá segurança a seguradoras e fundos de pensão de que não estarão em manchetes de nenhum jornal”, falou. 

Chineses

Segundo Kaeser, da Siemens, há uma impressão de que os chineses estão fazendo tudo na área de infraestrutura, mas isso não é verdade. 

“Eles têm visão estratégica do mundo e perspectiva de longuíssimo prazo, por isso concentram investimentos na América Latina e na África. 

Georgina Baker, do IFC, disse ainda que os chineses entendem o mercado latino-americano e têm apetite por risco muito maior. 

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.