A imposição de tarifas de 25% inviabilizaria as exportações para os Estados Unidos, que são o maior mercado para o aço brasileiro, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.
"Essa tarifa teria um efeito muito negativo, seria difícil encontrar novos mercados e acabaríamos obrigados a readequar nosso nível de produção", disse Lopes à Folha.
Os EUA são o maior destino das exportações brasileiras de aço, absorvendo 32,7% em 2017.
Lopes esteve no Congresso e na Casa Branca nesta semana, na tentativa de tirar o Brasil da lista de países na mira de tarifas. "Essa medida é truculenta e vai criar um movimento monumental de retaliação de outros países."
Ele diz que a indústria siderúrgica americana não é autossuficiente, precisa de importações, então, em última instância, haverá aumento nos preços finais ao consumidor. Os americanos afirmam que a proteção é necessária para aumentar a capacidade utilizada na indústria. "Essa decisão americana é um tiro no pé", diz.
Além disso, o Brasil importa dos EUA cerca de US$ 1 bilhão em carvão por ano, para fabricação de aço. As vendas americanas de carvão para o Brasil seriam afetadas pelas tarifas, diz.
A medida pode ser ainda pior. Uma das opções aventadas em um relatório do Departamento de Comércio, divulgado há duas semanas, colocava o Brasil em um grupo de 12 países, ao lado da China, que teriam tarifa máxima, de 53%.
Lopes afirmou que a indústria pretende recorrer ao Departamento de Comércio da decisão.
Dentro do governo brasileiro, existe a percepção de que a medida, caso confirmada, abriria margem para contestação na OMC.
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