Sócia de vencedora foi acusada de pagar propina

Taís Hirata
São Paulo

O escândalo da PPP (Parceria Público-Privada) de iluminação pública da cidade de São Paulo, revelado na terça-feira (20), não é o primeiro da Consladel, empresa que faz parte do consórcio vencedor ao lado da FM Rodrigues.

A companhia, que pouco tem se manifestado durante os imbróglios judiciais em torno da licitação, é investigada desde 2013 por supostos pagamentos de propinas a funcionários da Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD).

Os pagamentos teriam como objetivo fraudar licitações de iluminação na capital paulista, segundo investigação do Ministério Público de São Paulo.

Funcionários da Prefeitura trocam lâmpadas convencionais pelas LED, que emitem luz branca e são mais econômicas, em poste no viaduto do Chá, no centro de São Paulo (SP)
Funcionários da Prefeitura trocam lâmpadas convencionais pelas LED, que emitem luz branca e são mais econômicas, em poste no viaduto do Chá, no centro de São Paulo (SP). - Edilson Dantas - 08.mar.2014/Folhapress

O inquérito, que é sigiloso, apontou a existência de um suposto esquema de favorecimento a empresas em licitações de iluminação pública na capital, com a inserção de cláusulas restritivas nos editais e ajuste de propostas entre concorrentes.

Na investigação, o nome do ex-diretor do Ilume (departamento de iluminação pública da capital) Paulo Candura aparecia como um dos favorecidos em uma "lista de propinas".

A investigação deu origem a uma ação em 2013, em que o Ministério Público pedia a quebra dos sigilos bancários e informações fiscais dos acusados, especialmente durante o período de janeiro de 2000 a dezembro de 2011.

Após uma série de recursos por parte dos acusados --que afirmaram que as acusações eram improcedentes--, a quebra de sigilo não ocorreu até agora, e a investigação não foi adiante.

No entanto, uma recente decisão, emitida na terça-feira, determinou a execução da sentença em um prazo de 180 dias --o que significa que nos próximos meses a quebra de sigilo deverá se concretizar.

Outro lado

Procurada, a prefeitura da capital disse, em nota, que todas as certidões solicitadas ao consórcio FM Rodrigues/Consladel foram apresentadas e não constava nenhuma restrição contra a empresa que impedisse a contratação do consórcio.

"[A] situação [é] diferente [da] do consórcio Walks, excluído da licitação da PPP por ser integrado por empresa considerada inidônea pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e pela Controladoria-Geral da União", afirmou a nota.

A FM Rodrigues afirmou, também em nota, que "os representantes do consórcio consideram a Consladel apta a disputar a PPP".

A reportagem não conseguiu contatar a Consladel --que não tem sítio eletrônico-- até a conclusão desta edição. O advogado Alberto Toron --indicado pela FM Rodrigues como o representante legal da Consladel-- não respondeu às ligações da reportagem

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