Na Main Street da Disneylândia, Emily Bertola trabalha em pé o dia inteiro, bordando os nomes dos compradores em chapéus com orelhas de camundongo vendidos pela Mad Hatter Shop, que a emprega há dois anos.

Ela atende os compradores com o sorriso ensolarado que os funcionários da empresa são treinados a dar.

Nenhum cliente sabe que ela dorme há meses na caçamba de sua picape e toma banho no parque temático.

Os problemas de Bertola não afetam apenas trabalhadores da Disneylândia.

O condado de Orange é um distrito conhecido pela riqueza e pelo turismo, na Califórnia, mas milhares dos trabalhadores que mantêm resorts, restaurantes e hotéis em funcionamento estão enfrentando dificuldades por causa dos custos de habitação.

O Disneyland Resort —que inclui a Disneylândia, o California Adventure e diversos hotéis nas redondezas-- tem cerca de 30 mil funcionários.

A despeito da frustrações com o salário, mais de uma dúzia de trabalhadores disse que continua na Disneylândia por opção, seja por lembranças da infância, seja para garantir ingressos para os filhos.

Para muitos, não há muita opção de ganhar mais em outro emprego. Mais da metade deles ganha menos de US$ 15 por hora, de acordo com dados sindicais. O salário mínimo na Califórnia é de US$ 10,50 por hora.

O custo de vida é um desafio. Cerca de 38% dos 1,5 milhão de trabalhadores do condado recebem menos do que US$ 33 mil por ano, necessários para arcar com o básico.

É uma questão que muitos deles estão tendo de enfrentar. A Califórnia tem hoje o maior índice de pobreza nos EUA, 20,6% da população.

_{Tradução de PAULO MIGLIACCI}