Descrição de chapéu inflação

Últimas taxas de inflação vieram mais baixas que o esperado, diz Ilan

Presidente do BC afirmou ainda que duplo mandato é equívoco

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lan Goldfajn, presidente do Banco Central do Brasil
lan Goldfajn, presidente do Banco Central do Brasil - Patricia Stavis/Folhapress
São Paulo | Reuters

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira (5) que a inflação surpreendeu recentemente, vindo abaixo do esperado, mas que a avaliação sobre se cabe ainda mais corte na Selic, a taxa básica de juros, seria feita apenas na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), neste mês.

"O que posso dizer é que as últimas taxas de inflação de fato vieram mais baixas do que esperávamos, então a inflação continua baixa, e isso de fato veio surpreendendo todo mundo, inclusive o próprio Banco Central", afirmou em entrevista à rádio CBN.

No início de fevereiro, o BC reduziu a taxa básica de juro em 0,25 ponto, para a mínima recorde de 6,75% ao ano, e sinalizou o fim do ciclo devido à recuperação mais consistente da atividade econômica no país.

A ata do encontro, no entanto, informou que os membros do Copom divergiram sobre qual comunicação deveria ser adotada para a próxima reunião. Enquanto alguns manifestaram preferência por manter "elevado grau de liberdade", outros defenderam sinalizar do modo mais claro possível o fim do ciclo de afrouxamento na Selic, com liberdade de ação mantida, mas em menor grau.

A conclusão de todos, no fim, foi por indicar o encerramento do ciclo "caso a conjuntura evolua conforme o cenário básico", mas mantendo espaço para queda "moderada" adicional nos juros caso haja alteração nesse quadro.

Assim, no mercado de juros futuros, as apostas sobre a Selic em março eram majoritárias voltadas para a manutenção. Por outro lado, no levantamento Focus do BC, que ouve uma centena de economistas todas as semanas, a mediana das projeções aponta para manutenção da Selic.

Ilan, na entrevista mais cedo, foi claro em se posicionar contra o duplo mandato ao BC, defendendo que, ao controlar a inflação, o crescimento é ajudado também.

"O duplo mandato é o BC ter uma meta para inflação e uma meta para crescimento. Aqui tem um equívoco, porque meta de crescimento, meta de desemprego, é uma meta do governo todo", afirmou ele.

"Não dá para o BC ter duas metas simultâneas, que podem confundir", afirmou, acrescentando que poderia haver judicialização em caso de duplo mandato.

Ilan disse ainda que não houve sondagem se poderia assumir o Ministério da Fazenda caso o titular da pasta, Henrique Meirelles, deixe o posto para se candidatar à Presidência. Segundo o presidente do BC, também não havia, no momento, projeto para taxar moedas virtuais.

BOLETIM FOCUS

O mercado reduziu suas projeções para a inflação tanto para este ano quanto para 2019, ao mesmo tempo em que vê a economia crescendo mais agora, mantendo as perspectivas de que a taxa básica de juros não vai mais cair em 2018, mostrou a pesquisa Focusdo Banco Central nesta segunda-feira.

Agora, a projeção é de que o IPCA feche 2018 com alta de 3,70%, ante 3,73 % no levantamento passado, enquanto que para 2019 as contas foram a 4,24%, ante 4,25 %, na mediana das expectativas.

Os economistas consultados também passaram a ver que o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano crescerá 2,9%, ligeiramente acima da expectativa anterior de 2,89%. Em 2019, a expansão avançaria 3%, inalterada.

A economia brasileira ficou praticamente estagnada no último trimestre de 2017, pior que o esperado e fechando o ano com expansão de 1%, indicando que a recuperação deverá ser menos intensa no início de 2018 mesmo após viver dois anos seguidos de forte recessão.

Para a política monetária, o Focus continuou mostrando que as projeções são de que a Selic deve fechar este ano em 6,75%, atual patamar, e ir a 8% no final de 2019.

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