Raquel Landim
São Paulo

As conversas entre o empresário Abilio Diniz e os fundos de pensão Petros (Petros) e Previ (Banco do Brasil) degringolaram na reta final e deixaram incerto o futuro da BRF, gigante formada pela fusão de Sadia e Perdigão.

Depois de dois dias de intensas negociações, os sócios não conseguiram fechar uma chapa única para o novo conselho, que será escolhido em assembleia de acionistas no próximo dia 26.

Na reunião realizada nesta sexta-feira (7), o atual colegiado, no qual Abilio e seus aliados possuem maioria, fez uma sugestão de chapa, mas a Previ votou contra e o representante da Petros não foi à reunião, conforme pessoas a par das conversas.

Os fundos já haviam proposto sua própria chapa para o novo conselho da BRF. Ainda devem ocorrer tentativas de encontrar um consenso, mas, se não for possível, os acionistas terão que escolher entre duas chapas concorrentes na assembleia.

A principal diferença entre as chapas está no nome do novo presidente do conselho, que deveria substituir Abilio no comando. Na chapa dos fundos, o escolhido é Augusto Cruz, presidente do conselho da BR Distribuidora e ex-CEO do Pão de Açúcar.

Já na chapa proposta pelo atual colegiado está Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e ex-presidente da Sadia. Desde o início, Furlan era o nome apoiado por Abilio para ocupar a sua cadeira.

Os acionistas da BRF estão em conflito por causa do péssimo desempenho das ações e do prejuízo de R$ 1 bilhão registrado no ano passado. Petros e Previ culpam Abilio e o fundo Tarpon pela derrocada da empresa e querem o empresário fora da gestão.

O acordo inicialmente negociado entre os dois lados previa uma saída honrosa para Abilio. O empresário deixaria à presidência do colegiado nesta quinta-feira (6) em troca de dois representantes na chapa já proposta pelos fundos, entre outros pontos. Mas, como o impasse se instalou, Abilio não renunciou.

As tratativas empacaram depois que o advogado Francisco Petros, vice-presidente do conselho e representante da Petros, faltou a reunião, mas vetou por escrito um bônus de R$ 40 milhões para a diretoria executiva que havia sido proposto por Abilio.

A decisão foi o estopim para reavivar as discussões sobre a permanência do advogado no conselho. Abilio já vinha tentando tirá-lo, porque os dois tiveram duros embates, mas a Petros insiste no seu representante. Na chapa proposta pelo atual conselho, seu nome até permanece, mas deixaria de ser vice-presidente do colegiado e se afastaria dos comitês em que atua hoje.

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