Mariana Carneiro Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

Os bancos públicos devem ter função social, diferentemente dos bancos privados, afirmou nesta segunda-feira (9) o presidente Michel Temer.

Na visão de Temer, os bancos privados contribuem para o desenvolvimento econômico, o que indiretamente tem efeitos positivos sobre a área social, porém cabe aos públicos responsabilidade distinta.

“Os públicos, afora o desenvolvimento econômico do país, também devem perseguir a questão social. Por isso o 'S' do BNDES”, disse.

Temer se referia a investimentos em educação e segurança pública e mencionou diretamente a linha de crédito aberta pelo banco para a segurança pública, que tem como meta liberar R$ 5 bilhões aos estados neste ano.

A afirmação foi feita na posse do ex-ministro Dyogo Oliveira no comando do BNDES, evento que contou com a participação de outros dois potenciais candidatos à Presidência, Henrique Meirelles, que deixa o Ministério da Fazenda, e Paulo Rabello de Castro, que sai do BNDES. Ambos pretendem concorrer à Presidência nas eleições deste ano, além do próprio Temer.

Dyogo é o terceiro presidente do BNDES desde que Michel Temer assumiu a Presidência, há quase dois anos (em maio de 2016), após o impeachment de Dilma Rousseff.

Em sua posse, ele prometeu acelerar a análise do banco para a concessão de empréstimos, que leva, em média, seis meses.

“Com um diferencial [entre a taxa de juros Selic e a taxa cobrada pelo banco] não tão expressivo, o diferencial será a velocidade”, disse Dyogo. “O BNDES precisa desenvolver produtos mais rápidos.”

Durante seu período como ministro, disse ele, ajudou a elaborar a linha de crédito para capital de giro do BNDES, que é liberada em 24h e foi citada como exemplo de agilidade.

Em seu discurso, o novo presidente do BNDES afirmou que o banco terá que se reinventar num cenário de maior contenção fiscal.

“Será diferente, não será nem maior, nem menor, será diferente. No passado, BNDES era o único financiador de infra, não é mais assim”, disse. “Temos que rumar para novos horizontes, novas formas de contribuir para o crescimento”.

PARCERIA

Na viagem ao Rio, Temer voou com representantes de sua equipe política –o ministro Carlos Marun (Articulação Política) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá, que tem influência sobre o Ministério do Planejamento e BNDES.

Também acompanharam o presidente os interinos da Fazenda e do Planejamento, Eduardo Guardia e Esteves Colnago, além de Henrique Meirelles.

Apesar das mudanças na equipe econômica, Dyogo disse acreditar que a estratégia é a mesma.

“Essa é uma equipe nova, que é a mesma de antes. Mesmo time, mesma ideia, todo mundo mantendo a atuação”, afirmou.

Na plateia, lideranças dos principais setores industriais que têm relações com o BNDES: aço, automotivo, têxtil, máquinas e equipamentos, além do presidente da Febraban, Murillo Portugal, do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabucco Cappi, e o sócio do BTG, Eduardo Loyo.

E também ex-presidentes do banco, como Maria Silvia Bastos Marques, que deixou o banco em maio de 2017.

Em seu discurso de despedida, Paulo Rabello de Castro, que deixa o cargo para concorrer à presidência pelo PSC, mencionou as acusações de corrupção, em razão de empréstimos e investimentos feitos pelo BNDES em empresas ligadas à Lava Jato e a JBS.

Ele afirmou que, até agora, não foi apresentada nenhuma prova contra os funcionários do banco, “despedaçado por uma operação policial brutal que até hoje não trouxe elemento algum que o justificasse”.

Rabello disse que deixa o banco “realinhado e de cabeça erguida, depois de duas CPIs [comissões parlamentares de inquérito], para as quais não tivemos necessidade em hora nenhum de recorrer à área política do governo e que foram concluídas sem apurar responsabilidade dessa instituição”.

Mesmo de saída, ele afirmou que o banco deverá devolver todos  os recursos requisitados pelo governo federal para o cumprimento da regra fiscal de ouro, que proíbe o governo financiar despesas do dia a dia com empréstimos.

“Devolvemos R$ 80 bilhões desde novembro aos cofres públicos, para o socorro da chamada regra de ouro, e com mais R$ 100 bilhões previstos e planejados para o segundo semestre fazer, para satisfação do ministro Guardia”, afirmou.

Meirelles fez um balanço de sua administração, mencionou as reformas econômicas, tanto as que impacto macroeconômico, como a trabalhista e o teto de gastos do governo.

“Daqui a cinco a dez anos, vamos poder apontar que houve importante mudança de direção da economia brasileira, quando deixou a maior crise e começou um ciclo sustentado de crescimento”, disse Meirelles.

Ele acrescentou que o crescimento neste ano será maior do que o previsto pelos analistas do mercado financeiro (2,8%) e arriscou uma expansão mais elevada nos próximos anos, de 3,5% a 4% ao ano. 

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