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Bolsa descola do exterior e cai com preocupação com cenário eleitoral

Candidatura reformista não decola e provoca cautela entre investidores; dólar fecha em baixa

Deputado Jair Bolsonaro (foto) e a ex-senadora Marina Silva aparecem empatados na liderança em cenário sem Lula
Deputado Jair Bolsonaro (foto) e a ex-senadora Marina Silva aparecem empatados na liderança em cenário sem Lula - AFP
Danielle Brant
São Paulo

A falta de um nome claramente reformista nas simulações de segundo turno eleitoral aumentou a cautela dos investidores nesta segunda-feira (16) e fez a Bolsa brasileira fechar em baixa, na contramão do exterior. O dólar teve uma sessão de correção e encerrou cotado a R$ 3,41.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, teve queda de 1,75%, para 82.861 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 12,9 bilhões. O dia foi de vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 3,66 bilhões.

O dólar comercial teve queda de 0,35%, para R$ 3,415. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,56%, para R$ 3,428.

O mercado financeiro repercutiu a primeira pesquisa divulgada após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O resultado mostrou que o petista perdeu força em relação ao último levantamento, realizado no fim de janeiro, mas, ainda assim, manteve a liderança, com 31% das intenções de voto.

Nos cenários com Lula fora do páreo, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) aparecem empatados na liderança. O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa surge em terceiro, à frente do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

"A pesquisa mostra o Lula muito forte ainda, o Bolsonaro forte. Há uma indefinição total no cenário eleitoral. Mesmo que os extremos não tenham chance de ganhar de fato, o centro está muito embolado. É o pior cenário para o mercado, essa indefinição total", afirma Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da casa de análises Levante.

Para Carlos Soares, analista-chefe da Magliano Invest, é prematuro avaliar o real significado da pesquisa. "Mas temos nomes extremos, como Bolsonaro e Marina, que não agradariam tanto ao mercado, por não terem uma perspectiva tão favorável em termos de reformas."

Ele avalia que o mercado não fica cauteloso com os nomes em si, mas com a questão fiscal. "A preocupação é com o cenário de contas públicas nos próximos anos, e vislumbrar esse cenário de reformas, qual o caminho que se enxerga para equalizar as contas públicas nos próximos anos", diz.

Segundo ele, é necessário aguardar a divulgação dos programas de governo dos pré-candidatos. "Caso as candidaturas apresentem uma proposta consistente de como encaminhar a situação fiscal, o mercado pode reagir, como ocorreu em 2002. Enquanto, tudo é justificativa para o mercado realizar", afirma Soares.

As tensões provocadas após ataques realizados por Estados Unidos, Reino Unido e França à Síria diminuíram nesta segunda. Com isso, as Bolsas americanas subiram nesta sessão. O índice Dow Jones avançou 0,87%. O S&P 500 teve alta de 0,81%, e o índice da Bolsa Nasdaq se valorizou 0,70%.

AÇÕES

Dos 64 papéis do Ibovespa, 56 caíram, sete subiram e um fechou estável.

A Usiminas teve a maior desvalorização do dia, com queda de 4,66%.

As ações preferenciais da Eletrobras caíram 4,29%, e as ordinárias se depreciaram 3,59%. A queda ocorreu após o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmar que o governo vai elaborar um novo decreto "ou algo semelhante", deixando claro que a privatização da Eletrobras não tirará do Congresso a decisão final sobre o processo.

Na ponta positiva, a Suzano subiu 1,68%. A Klabin se valorizou 0,98%, e a Cielo teve ganho de 0,59%.

As ações da Petrobras fecharam em forte baixa, acompanhando a desvalorização do petróleo no exterior. As ações mais negociadas da estatal caíram 2,74%, para R$ 20,62. Os papéis com direito a voto perderam 3,54%, para R$ 22,89.

A mineradora Vale teve queda de 0,98%, para R$ 44,54.

As ações de bancos também recuaram. Os papéis do Itaú Unibanco tiveram baixa de 1,47%. As ações preferenciais do Bradesco se desvalorizaram 2,18%, e as ordinárias perderam 3,58%. O Banco do Brasil caiu 3,56%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil tiveram queda de 3,12%.

CÂMBIO

No mercado cambial, o dólar ganhou força ante 18 das 31 principais moedas do mundo.

O Banco Central vendeu os 3.400 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, o BC já rolou US$ 1,020 bilhão dos US$ 2,565 bilhões que vencem em maio.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 0,42%, para 168,6 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para julho deste ano caiu de 6,282% para 6,271%. O DI para janeiro de 2019 subiu de 6,225% para 6,230%.

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