Com prisão de Lula, mercado vê chance maior de agenda reformista

Leitura é que ex-presidente terá influência limitada na transferência de votos para candidatos

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Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em foto de fevereiro deste ano
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em foto de fevereiro deste ano - AFP
São Paulo

As chances cada vez mais remotas de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer na eleição presidencial deste ano, após o STF (Supremo Tribunal Federal) negar o pedido de habeas corpus da defesa do petista na quarta-feira (4), injetaram otimismo no mercado financeiro nesta quinta-feira (5).

O juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, mandou, no fim do dia, quando a Bolsa já havia fechado o pregão, o ex-presidente se apresentar em Curitiba para o início do cumprimento da pena.

A reação do mercado pôde ser percebida logo no início dos negócios, quando a Bolsa chegou a subir mais de 2% e o dólar caiu 1,3%. Ao longo do pregão, o ritmo de alta ficou moderado.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, teve alta de 1,01% e foi a 85.209 pontos. O dólar fechou estável, a R$ 3,34.

A leitura é que, sem Lula na disputa e com possibilidades reduzidas de ele conseguir transferir sua popularidade a um candidato de esquerda, aumenta a chance de vitória de um nome alinhado à agenda reformista.

"Abre espaço para um candidato de centro ou reformista aparecer mais. O Lula, calado, com uma prisão nas costas, não pode subir muito em palanque. Muito provavelmente não vai transferir sua popularidade. Ele não elege mais poste", afirmou Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

Para o cientista político Carlos Melo, professor do Insper, o cenário ainda é incerto. "Tudo vai depender do enquadramento da foto da prisão. Vai ter uma disputa de narrativa da prisão, se foi preso um corrupto ou mártir."

Ele avalia ainda que a decisão do STF não mudou o panorama eleitoral, porque o PT não havia definido seu candidato.

"A esquerda perdeu seu nome natural, sua referência. Agora, vai ter de testar alguns nomes para saber quem vai ter alguma viabilidade eleitoral. A dúvida é se a esquerda vai com três ou quatro candidatos, como o centro, ou se vai haver aglutinação natural em torno de algum nome", afirmou.

Marcelo Faria, gestor de renda variável da Porto Seguro Investimentos, disse que a influência da eleição sobre o mercado deve ganhar força a partir do fim de maio. "Dá um certo tempo para o mercado operar em cima das notícias econômicas."

Para Rafael Guedes, diretor no Brasil da agência de classificação de risco Fitch, a ordem de prisão de Lula causa mais barulho para a corrida presidencial. "Isso vai colocá-lo ainda mais em evidência."

EXTERIOR

Além da decisão do STF, os mercados reagiram à trégua nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. As principais Bolsas europeias subiram mais de 2%, e os indicadores americanos também fecharam no azul.

A melhora ocorreu após um assessor econômico do americano Donald Trump afirmar que o governo estava em negociações com o gigante asiático e não pretendia se envolver em uma guerra comercial entre as duas economias gigantes.

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