Bolsa sobe com apoio de Petrobras e dólar recua a R$ 3,38 com exterior e Ilan

Presidente do Banco Central afirmou que país tem colchões para enfrentar volatilidade

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, na posse do ministro Eduardo Guardia, da Fazenda
Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, na posse do ministro Eduardo Guardia, da Fazenda - Folhapress
Danielle Brant
São Paulo | Reuters

A Bolsa brasileira subiu nesta quarta-feira (11), passando ao largo das tensões internacionais provocadas pela ameaça do americano Donald Trump de lançar mísseis na Síria, em desafio à Rússia. Já o dólar caiu após sinalização do Banco Central de que tem armas para conter a volatilidade no mercado cambial.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 0,87%, para 85.244 pontos.

O dólar comercial recuou 0,76%, para R$ 3,387. O dólar à vista fechou com baixa de 1,09%, para R$ 3,388.

O mercado financeiro brasileiro foi pouco afetado pela ameaça do presidente americano, Donald Trump, de realizar uma ação militar à Síria em resposta a um suposto ataque com gás. 

"A Rússia promete derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepare-se, Rússia, porque estão a caminho, lindos e novos e 'inteligentes'!", escreveu Trump no Twitter.

Na terça-feira, a Rússia alertou que qualquer míssil dos EUA disparado contra a Síria devido ao ataque fatal contra rebeldes será abatido.

"Embora seja iminente o lançamento dos mísseis, não temos novidades nesse aspecto. O mercado correu o risco de se expor antes do lançamento dos mísseis", diz Cleber Alessie, da corretora HCommcor.

A turbulência provocou a queda dos principais índices americanos e europeus. Nos EUA, o Dow Jones  caiu  0,90%, o S&P 500 teve baixa de 0,55%, e a Nasdaq se desvalorizou 0,36%. 

Na Europa, a Bolsa de Londres caiu 0,13%. Paris perdeu 0,56%, Frankfurt teve queda de 0,83% e Milão recuou 0,69%. Madri se desvalorizou 0,28%, e Lisboa recuou 0,99%.

Ainda do exterior, dados fracos de inflação nos Estados Unidos contribuíram para a queda do dólar. Os preços ao consumidor no país caíram em março pela primeira vez em dez meses, pressionados por um declínio no custo da gasolina, mas o núcleo da inflação continuou firme em meio ao aumento dos preços de saúde e aluguel.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice teve alta de 0,2%. O núcleo dos preços ao consumidor subiu 2,1% na base anual em março, o maior avanço desde fevereiro de 2017, após alta de 1,8% em fevereiro. 

Os investidores analisaram também a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano), em março, quando a taxa de juros dos Estados Unidos subiu para a faixa de 1,5% a 1,75% ao ano. Segundo o documento, os membros do Fed demonstraram preocupações com o impacto das políticas comerciais e fiscais do governo Trump.

O dólar se desvalorizou ante 22 das 31 principais moedas do mundo.

​Aqui, declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, contribuíram para a queda do dólar. Ele afirmou que o Brasil tem colchões para enfrentar a recente volatilidade nos mercados financeiros, como elevadas reservas internacionais e estoque mais baixo de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.

"Embora apenas palavras, fizeram preço, mesmo que ele não tenha dito que vai usar as reservas", afirma Alessie.

O Banco Central vendeu lote de 3.400 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC rolou US$ 510 milhões do total de US$ 2,565 bilhões que vencem em maio.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve queda de 1,26%, para 166,4 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados caíram. O DI para julho deste ano caiu de 6,297% para 6,285%. O DI para janeiro de 2019 recuou de 6,275% para 6,260%.

AÇÕES

Dos 64 papéis do Ibovespa, 37 subiram, 26 caíram e um fechou estável. 

A maior alta do Ibovespa foi registrada pelas ações da BRF, que subiram 5,28%. Os papéis reagiram à expectativa com a mudança na liderança do conselho de administração da companhia, em assembleia prevista para 26 de abril.

A Cosan subiu 3,98%, e a Embraer se valorizou 3,97%, após o ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, avaliar que o acordo entre a empresa e a Boeing está perto de sair.

A Marfrig liderou as baixas, após disparar por dois pregões seguidos. As ações caíram 5,75%. A MRV recuou 4,24% e a Suzano perdeu 2,91%.

As ações da Petrobras subiram em linha com a alta dod petróleo em meio ao aumento das tensões entre Estados Unidos e Rússia envolvendo a Síria. Os papéis mais negociados da estatal avançaram 1,87%, para R$ 21,80. As ações com direito a voto se valorizaram 2,31%, a R$ 24,35.

Os papéis da mineradora Vale perderam 0,45%, para R$ 44,64, apesar da alta do minério no exterior.

No setor financeiro, os bancos subiram. O Itaú Unibanco avançou 1,65%. As ações preferenciais do Bradesco tiveram alta de 2,34%, e as ordinárias ganharam 2,47%. O Banco do Brasil se valorizou 0,83%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil avançou 1,96%.

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