Descrição de chapéu MPME

Bufês infantis adotam comida saudável e brinquedos vintage

Menu natureba e ausência de jogos eletrônicos viram diferenciais para atrair famílias

Flávia G. Pinho
São Paulo

Os bufês infantis estão em plena transformação. Brinquedos eletrônicos ainda fazem sucesso, mas andar na contramão da tecnologia tem sido uma escolha rentável.

Além de investir em brinquedos com escada de corda, túnel e escorregador, há a troca de frituras, doces confeitados e refrigerantes  por salgados assados, saladas de frutas e sucos naturais.

De acordo com Juliana Berbert, consultora de negócios do Sebrae-SP, trata-se de uma tendência ainda limitada a um nicho: o de consumidores de maior escolaridade e poder aquisitivo, que buscam hábitos mais saudáveis e enxergam que o excesso de tecnologia é prejudicial para as crianças.

Porém, outros públicos deverão ser conquistados, diz a consultora. “Toda tendência nasce no topo da pirâmide e se populariza com o tempo. Esse movimento por vida saudável está em crescimento e terá vida longa.”

Um dos primeiros a atuar nesse nicho em São Paulo, o bufê Casa Amarela, no bairro do Campo Belo, na zona sul, foi fundado em 2005 pelo casal de atores Adriana Domite Mendonça, 46, e Pedro Paulo Alves Eva, 50.

Em uma casa de 300 m², eles deixaram grandes espaços livres, em área coberta e no quintal, onde monitores promovem brincadeiras com cordas, blocos de montar e instrumentos musicais. Muitos são atores de formação.

“Não foi fácil, no começo ficava às moscas”, diz Adriana.

A advogada e empresária Simone Sahade, proprietária do bufê Praça Pitangueira, brinca em uma piscina de bolinhas e joga bolas azuis para cima
A advogada e empresária Simone Sahade, proprietária do bufê Praça Pitangueira, em São Paulo - Keiny Andrade/Folhapress

Perseverante, o casal insistiu no conceito. Hoje, o bufê Casa Amarela realiza de 15 a 20 festas mensais, que vão de 50 a 130 convidados. O pacote mínimo sai por R$ 7.530, de segunda a sexta, e R$ 8.730, aos sábados e domingos.

Nos últimos anos, Adriana e Pedro ganharam concorrentes de peso, como o Praça Pitangueira, em Moema, zona sul, criado em 2015.

A advogada Simone Sahade, 38, investiu R$ 2 milhões para construir o bufê de 500 m², cuja ambientação imita uma cidade do interior. Paredes de vidro e teto retrátil garantem a iluminação natural.

Ao redor de uma pitangueira que já estava no terreno, Simone fez uma praça rodeada de casinhas coloridas. Dentro delas, instalou oficinas de artes e jogos de montar.

O fornecimento de material —lápis de cor, giz de cera, massinha de modelar e blocos de plástico— fica a cargo dos patrocinadores: Crayola, Play-Doh e Lego, que em troca têm suas marcas expostas no bufê.

O cardápio, a própria Simone elaborou. Ela afirma que o hambúrguer caseiro é feito com carne magra e que a esfiha segue uma antiga receita de família.

Pelas festas, que duram quatro horas, Simone cobra a partir de R$ 10 mil. O preço se refere ao pacote para 50 pessoas e inclui cerveja para os adultos.

Desde o primeiro semestre de 2016, a média de ocupação tem sido de 15 a 18 festas mensais. “Atribuo esse bom resultado à localização. Estamos em frente à Escola Móbile, as crianças só precisam atravessar a rua, na companhia dos nossos monitores, para chegar ao bufê”, diz Simone. 

A empreendedora também investe em parcerias. Desde outubro de 2017, o Praça Pitangueira cuida da operação das festas de aniversário realizadas no parque KidZania, no shopping Eldorado.

Na Vila Romana, bairro da zona oeste de São Paulo, as festas livres de eletrônicos —e com orçamento mais enxuto— também fazem sucesso.

Comandado pela pedagoga Elisângela Morgado, 40, o Espaço Boo! funciona em uma casa de 400 m². Ela adquiriu o local do empreendimento, em maio do ano passado, por R$ 700 mil.

A taxa de ocupação tem sido surpreendente, afirma Elisângela: de 20 a 25 festas mensais, pelas quais ela cobra R$ 4.200 (de segunda a sexta) e R$ 5.600 (nos fins de semana).

Ao longo de quatro horas, as crianças se entretêm com caça ao tesouro, amarelinha e esconde-esconde. Adultos têm acesso permitido ao arvorismo e à tirolesa.

“Vejo muitos pais tirando seus sapatos e participando das atividades”, afirma a empreendedora.

Na avaliação da consultora do Sebrae-SP, bufês do gênero conquistam a fidelidade dos pais justamente porque apelam para memórias afetivas.

“Eles lembram da própria infância e experimentam momentos de maior proximidade com os filhos, raros no dia a dia das grandes cidades”, afirma Juliana. 

 

Equipe treinada e segurança são essenciais para entrar no ramo

Mesmo os bufês sem brinquedos eletrônicos demandam vigilância constante de segurança. Equipamentos devem seguir as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e ser vistoriados com frequência

Na cozinha, siga as normas impostas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A responsabilidade se estende aos alimentos adquiridos de terceiros

Faça treinamento constante da equipe. Um único monitor mal-humorado pode minar seu negócio

Invista em um gerador e anuncie esse diferencial à clientela. Falta de energia é um imprevisto que acontece com frequência

Fonte: Juliana Berbert, consultora de negócios do Sebrae-SP

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