Criadores de startups investem em fundos para novos empreendedores

Com isso, esperam oferecer aos novatos dinheiro, experiência e orientação

Retrato de Patrick Sigrist, fundador do iFood - Folhapress
Filipe Oliveira
São Paulo

Depois de acumular algum dinheiro e experiência à frente de startups, jovens empresários começam a criar seus próprios fundos para investir na nova geração de empreendedores.

Com isso, esperam oferecer aos novatos, além do dinheiro, experiência e orientação de quem já enfrentou as dificuldades de tocar um negócio novo.

Patrick Sigrist, 47, um dos fundadores do app de delivery de comida iFood (deixou a startup em 2015), diz que o relacionamento entre empreendedor e investidor é naturalmente complexo.

Enquanto o primeiro tem o desejo de realizar muito e rapidamente, o investidor tende a ser mais conservador, preocupado com regras de governança, rotinas e projeções financeiras.

Apostando que poderia criar uma relação de maior confiança com os empreendedores, ele criou no ano passado o fundo Yellow Ventures, que investiu em seis companhias.

"Por acreditar no empreendedor, gastamos menos tempo pedindo informações. Se invisto em alguém, preciso dar corda. Entendo que ele pode fazer melhor do que eu."

Em geral, o fundo investe de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões por companhia. O Yellow já apostou em seis empresas desde o ano passado.

A ideia é semelhante à do Canary, em funcionamento há um ano. Além de ter três empresários do mercado de startups como sócios (Florian Hagenbuch e Mate Pencz, da gráfica online Printi, e Julio Vasconcellos, criador do Peixe Urbano), o fundo tem 50 empreendedores de sucesso como cotistas.

Entre esses apoiadores estão nomes como Paulo Veras, fundador da 99, e Mike Krieger, do Instagram.

Criado no ano passado, o Canary investiu em 27 companhias, liderando rodadas que costumam ir de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões.

Marcos Toledo, 38, sócio do Canary, diz que os empreendedores da rede indicam novas startups para investimento, dão apoio aos selecionados na solução de desafios do dia a dia e são convidados para eventos a cada duas ou três semanas para capacitação dos mais novos.

Em uma dessas ocasiões, o Canary reuniu as seis fintechs (empresas de tecnologia financeira) de seu portifólio para ouvir ideias de David Vélez, Thiago Alvarez e Sergio Furio, fundadores das empresas Nubank, GuiaBolso e Creditas, principais nomes do segmento.
 

Rodrigo Borges, 42, um dos fundadores do Buscapé (deixou a empresa em 2014), diz que investir em startups é uma forma de empresários retribuírem o sucesso que tiveram ajudando a nova geração, ao mesmo tempo em que encontram boas oportunidades de negócios.

"Temos know-how para entender, entre as 5.000 startups brasileiras, quais têm mais chances de sucesso."

O fundo que criou em 2016, a Domo Invest, fez até agora 2 investimentos. A meta de Borges é ter 20 companhias no portifólio.
 

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