Furlan recusa assumir conselho da BRF interinamente 

Ex-ministro assumiria posto no lugar de Abilio Diniz, mas surgiu impasse no acordo com acionistas

Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e ex-presidente da Sadia - Bruno Poletti-17.out.2016 / Folhapress
Raquel Landim
São Paulo

Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e ex-presidente da Sadia, não aceitou assumir interinamente o conselho de administração da BRF até a realização da assembleia geral de acionistas, que acontece no próximo dia 26.

A recusa do ex-ministro gerou um impasse de última hora para a assinatura do acordo entre Abilio Diniz e os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil). Pessoas próximas às negociações, no entanto, acreditavam que o problema seria contornado e não inviabilizaria o acerto.

Nesta quinta-feira (5), Abilio, que possui 4% da empresa, deve renunciar a presidência do conselho da gigante de alimentos em reunião extraordinária. Em contrapartida, os fundos, que juntos detém 22% do capital, vão permitir que o empresário indique dois representantes para o novo conselho.

Com a recusa de Furlan, uma saída seria que Augusto Marques da Cruz Filho, ex-CEO do Pão de Açúcar e presidente do conselho da BR Distribuidora, já assumisse seu assento no conselho. Na nova chapa proposta pelos fundos, Cruz Filho deve ser o próximo presidente.

Havia, no entanto, um impasse jurídico: o acordo de voto é entre os acionistas Península (holding da família Diniz), Petros e Previ, enquanto o presidente do conselho é eleito pelos demais conselheiros. Não seria, portanto, viável incluir no acordo a aprovação do nome de Augusto Cruz.

A saída natural para o impasse seria que a vaga de Abilio fosse ocupada pelo advogado Francisco Petros, representante da Petros e atualmente o vice-presidente do conselho, mas o empresário não concorda. Abilio e Petros se desentenderam repetidas vezes nos últimos meses.

A trégua entre os principais sócios da BRF foi motivada pelo péssimo desempenho das ações da companhia, que caíram expressivamente por conta das investigações da Operação Carne Fraca, dos prejuízos provocados pela má administração e da briga no comando da empresa.

Nesta quarta-feira (4), os papéis da BRF fecharam cotados a R$ 23,05, praticamente estáveis a espera da reunião do conselho. Quando Abilio assumiu a presidência do colegiado, no dia 4 de abril de 2013, os papeis valiam R$ 45,80.

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