Google é alvo de críticas por tentar driblar nova lei europeia de privacidade de dados

Empresa anunciou que criará novo serviço publicitário sem ser baseado no direcionamento personalizado de anúncios

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O gigante das buscas revelou seu plano para lidar com o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia (GDPR), que entrará em vigor em maio - Dado Ruvic-29.mar.2018 / Reuters
Richard Waters
San Francisco | Financial Times

As tentativas do Google de se proteger contra o potencial impacto negativo das novas regras europeias de proteção de dados atraíram críticas dos provedores de conteúdo, que afirmam que a maior companhia de internet do planeta está tentando preservar um modelo de negócios imensamente lucrativo de maneiras que não se enquadram ao espírito da nova lei.

O gigante das buscas revelou seu plano para lidar com o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia (GDPR), que entrará em vigor em maio; o objetivo da empresa é proteger a maneira pela qual ela emprega dados atualmente, no que tange a informações sobre usuários que recolhe de anunciantes e de provedores de conteúdo - os chamados "dados obtidos de terceiros".

Com isso, o Google protegeria cerca de US$ 20 bilhões em faturamento com sua publicidade direcionada.
O plano do Google certamente será alvo de atenção na segunda-feira, quando a empresa vai anunciar seus mais recentes resultados trimestrais., Os investidores estão enfrentando dificuldades para determinar o impacto do GDPR sobre o Google, que usa dados obtidos de terceiros sobre mais de um bilhão de usuários.

"O Google e o Facebook adotaram a estratégia de tentar proteger o status quo e continuar fazendo o que sempre fizeram ", disse Jason Kint, presidente-executivo da Digital Content Next, uma organização setorial americana de provedores de conteúdo online.

Mas ele disse que o propósito do GDPR era garantir que "haja padrões mais rigorosos para o setor, e que todo mundo jogue sob as mesmas regras".

"A proteção a dados e a regulamentação quanto à privacidade sempre foram um dos riscos primários [para o Google e o Facebook]", ele acrescentou. "Se o Google não puder tomar os dados que recebe quando alguém faz login no Gmail e usá-los em toda a Web, isso é um grande risco para eles".

Os analistas antecipam que a regulamentação afete as abordagens atuais quanto à publicidade direcionada, ainda que a companhia de buscas não tenha se estendido sobre seu potencial impacto para o mundo do investimento.

"O que a nova lei significa, em geral, é que haverá menos dados - o direcionamento não será mais tão preciso", disse Youssef Squali, analista de internet no banco de investimento SunTrust Robinson Humphrey. Isso vai fazer dos procedimentos quanto aos dados de usuários um assunto importante quando o Google discutir seus resultados, na segunda-feira, ele acrescentou. "Wall Street vai forçá-los a falar sobre isso".

O Google diz que funcionará como "controlador", nos termos do GDPR, quanto aos dados obtidos de terceiros; a designação "controlador" se aplica ao nível mais elevado das organizações que lidam com dados, o que conferiria latitude considerável à empresa quanto à maneira pela qual trata as informações.

Isso atraiu críticas dos provedores de conteúdo online, segundo os quais essa interpretação não se enquadra às intenções do GDPR, que foi concebido para conferir aos internautas mais controle sobre suas informações pessoais. O conflito também expõe uma disputa de negócios entre o Google e os provedores de conteúdo sobre quem deve extrair o maior valor dos dados sobre usuários.

A disputa se relaciona ao lado dos negócios do Google que não envolve buscas, o qual segundo analistas respondeu por cerca de US$ 20 bilhões dos US$ 110 bilhões em receita da empresa no ano passado.

As pessoas que usam o serviço de buscas do Google lidam com a empresa diretamente, o que exclui a publicidade vinculada a buscas do debate sobre os dados obtidos de terceiros.

O Google afirmou que "já requer que os provedores de conteúdo e anunciantes obtenham consentimento de seus usuários finais para o uso de nossos serviços publicitários em seus sites, nos termos das leis vigentes na União Europeia". A empresa acrescentou que o novo regulamento "refina ainda mais esse processo".

O Google também anunciou que criará um novo serviço publicitário que não será baseado no direcionamento personalizado de anúncios.

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