Guerra comercial entre China e EUA pode afetar crescimento global, diz FMI

Christine Lagarde afirmou que uma das prioridades da economia global é evitar o protecionismo

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Os presidentes Donald Trump, à esq., dos EUA, e Xi Jinping, da China, durante evento em Beijing
Os presidentes Donald Trump, à esq., dos EUA, e Xi Jinping, da China, durante evento em Beijing - Andy Wong - 9.nov.17/Associated Press
 
agências de notícias

O FMI (Fundo Monetário Internacional) segue otimista com as perspectivas de crescimento global, mas alertou que “nuvens mais escuras” se aproximam, num momento em que o conflito comercial entre Estados Unidos e China está criando uma incerteza significativa para empresas e cadeias globais de fornecimento de matéria-prima.

Num discurso em Hong Kong, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que as prioridades para a economia global são evitar o protecionismo, proteger-se contra o risco financeiro e promover o crescimento a longo prazo.

"A história mostra que restrições importantes afetam a todos, especialmente os consumidores mais pobres", disse. "Não apenas elas [as restrições] levam a produtos mais caros e escolhas mais limitadas, mas também impedem que o comércio desempenho seu papel essencial de ampliar a produtividade e disseminar novas tecnologias."

Segundo ela, a melhor maneira de combater desequilíbrios é com ferramentas fiscais ou reformas estruturais, acrescentando que as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) correm o risco de serem "dilaceradas", o que seria "um fracasso político coletivo e imperdoável".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem atacado a OMC. Na semana passada, Trump afirmou que os EUA são tratados injustamente na OMC em relação a China, a quem acusou de ser uma grande potência que recebe benefícios da organização.

AMEAÇAS E CONTRA-ATAQUES

Em seu discurso desta quarta, Lagarde afirmou que as autoridades monetárias precisam se comprometer com a igualdade de condições e resolver disputas sem usar medidas excepcionais --Trump impôs tarifas comerciais contra a China, que contra-atacou também com ameaças de sobretaxas a produtos americanos.

"Há ameaças, há contra-ameaças, há uma tentativa de abrir um diálogo -- devemos apoiar essa tentativa de diálogo o máximo que pudermos", disse Lagarde. "O impacto dessas ameaças é mínimo em ambos os lados. O que não é mínimo é a maneira pela qual a confiança pode ser minada".

Lagarde recordou que o FMI multilateral revisou para cima, em janeiro, as previsões de crescimento econômico mundial, a 3,9% para 2018 e 2019. E destacou que o FMI permanece otimista porque "as economias avançadas devem crescer acima de seu potencial de crescimento médio este ano e no próximo" e porque nos Estados Unidos há um cenário de pleno emprego. 

Paralelamente, as perspectivas continuam sólidas na Ásia, "o que é bom para todo mundo, pois esta região contribui em quase dois terços para o crescimento mundial", declarou. No entanto, alertou que ritmo de crescimento esperado pode desacelerar à medida em que as políticas de apoio à economia diminuírem, especialmente nos Estados Unidos e na China.

"A janela de oportunidade está aberta. Agora há uma nova urgência porque a incerteza aumentou de forma significativa", disse. Lagarde também disse que a primeira das prioridades para respaldar o crescimento é que os governos "permaneçam à margem do protecionismo sob todas as suas formas".

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