Descrição de chapéu MPME sustentabilidade

Plataformas de ecommerce ligam produtores do interior a consumidor

Pequenas fazendas de café e vendedores de orgânicos ganham divulgação e público em grandes centros

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Machado (MG)

Pequenos negócios de comércio eletrônico conectam consumidores de grandes centros urbanos e produtores de menor porte no interior do país, que tem pouco acesso a novas tecnologias.

As parcerias abrem grandes mercados a quem de outra forma não teria uma vitrine em São Paulo ou no Rio e atendem à demanda por itens menos massificados, diz Edgard Barki, do FGVcenn (Centro de Empreendedorismo de Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas). 

A Made in Farm, plataforma online que vende o café de 18 produtores paulistas e mineiros, privilegia fazendas de operação familiar, com várias gerações à frente da produção do grão.

A ideia era entender quais são as preferências do público que prefere cafés artesanais e fornecer o produto direto para ele, segundo a relações-públicas Cristiane Lourenço, 35, que ajudou a criar a empresa dentro da farmacêutica Bayer em 2015.

Um dos fornecedores é a família Miranda, da Fazenda Makena, em São João da Serra Negra (MG), a 325 km de Belo Horizonte.

A plataforma digital respondeu por alta de 4,5% nas vendas do grão e 14% na de cápsulas, boa parte delas para o público de São Paulo.

“Essa tecnologia ajudou a abrir mercados novos aos quais não tínhamos acesso. Ficávamos muito restritos a polos regionais, como Belo Horizonte, Goiânia e Brasília”, afirma o sócio Thiago, 35, que toca a operação ao lado do pai, Altair.

Informações sobre a procedência do produto e como ele foi feito —rastreabilidade, no jargão do setor— são um dos principais ativos dessas plataformas, diz o consultor do Sebrae Davi Paunovic. 

“Muitas startups acham que não crescem porque não investem em marketing, mas o que falta mesmo é criar essa ligação entre produtor e comprador”, afirma.

A paulistana Raízs, que comercializa produtos orgânicos avulsos e em cestas com preço fixo e entrega em casa, coloca nos itens etiquetas que incluem foto do produtor, cidade de origem e um breve histórico da fazenda.

A empresa, que faturou R$ 870 mil no último ano e cresceu 270%, tenta se diferenciar por meio da sustentabilidade social e ambiental. 

O primeiro passo para a criação da Raízs foi em 2014, quando Tomás trabalhou em Daca (Bangladesh), no banco Grameen, de onde surgiu o modelo de concessão de microcrédito que garantiu em 2006 um Prêmio Nobel da Paz a seu criador, Muhammad Yunus.

“A experiência me ajudou a olhar para a sustentabilidade além do mero marketing empresarial. Preciso pagar bem meu fornecedor se quiser um produto de qualidade para meu cliente”, afirma Tomás.

O desafio desses empreendedores vai além de selecionar seus fornecedores ou pagá-los bem. É preciso chegar até o consumidor que tem interesse nesse produto mais selecionado, diz Barki, da FGV. 

O primeiro problema é a logística. O transporte é caro, o estoque não pode ser grande, o que aumenta custos, e o giro dos produtos precisa ser rápido para que o item não estrague ou encalhe antes de chegar no destino final.

O outro ponto de atenção é entender onde está o cliente e aparecer mais, já que essas plataformas dependem de alto tráfego na internet para aumentar as vendas.

Thiago e Altair Miranda, da Fazenda Makena, em São João da Serra Negra (MG), vistos de costas, andando por um dos cafezais
Produtores na fazenda Makena, em São João da Serra Negra (MG) - Orleno Adriane/Divulgação

Portal de moda mira público interessado no consumo consciente

A estilista Chiara Gadaleta, 48, expandiu seu portal de consumo consciente Ecoera para um ecommerce que vende desde roupas até itens de decoração. Ela diz que investe em marketing digital para se aproximar de seu consumidor.

“Essas pessoas que buscam um consumo consciente estão aí, mas precisamos mapeá-las, e depois apresentar a conduta sustentável para o resto da população”, afirma.

Chiara oferece no portal desde chinelos e carteiras feitas por uma cooperativa de artesãos no interior de Minas até bolsas e sapatos ecologicamente corretos da Miu Miu e outras etiquetas famosas.

O próximo passo, segundo Chiara, é encontrar empresas no norte do Brasil para representá-las na plataforma.

Participar de iniciativas do tipo é vantajoso para os pequenos ateliês porque aumenta a visibilidade sem comprometer a mensagem principal da marca, diz Miriam Levinbook, coordenadora do curso de Negócios da Moda na Universidade Anhembi Morumbi.

“É uma vitrine e ajuda a dividir gastos com divulgação, o consumidor vai descobrir vários designers, com propostas parecidas, de uma vez só.”

A jornalista viajou a convite da Bayer

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