'Posso pacificar a BRF', diz ex-ministro Furlan

Herdeiro da Sadia, Luiz Fernando Furlan, reforça candidatura à presidência do conselho da BRF

 
O ex-ministro Luiz Fernando Furlan - Bruno Poletti-17.out.2016 / Folhapress
Raquel Landim
São Paulo

Candidato à presidência do conselho de administração da BRF, o ex-ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, chamou nesta terça-feira (17) uma coletiva de imprensa para se colocar como alternativa para “pacificar” a empresa.

A BRF, resultado da fusão de Sadia e Perdigão, vive um intenso conflito entre seus principais acionistas, que está ajudando a derrubar as ações, em conjunto com as investigações da Operação Carne Fraca e os fracos resultados operacionais.

No próximo dia 26, uma assembleia de acionistas vai escolher o novo conselho e, por falta de consenso, foi solicitado pela primeira vez o voto múltiplo. Ou seja, os acionistas vão votar em cada conselheiro - vaga a vaga - e o peso do voto varia conforme a participação no capital da companhia. Já existem 14 pretendentes para os 10 assentos do colegiado.

O nome de Furlan foi sugerido para comandar o conselho pelo empresário Abilio Diniz, atual presidente do colegiado com 3,9% das ações, e pelo fundo Tarpon, que possui 8,55%. Os fundos Petros e Previ, que detém juntos 22% da BRF, sugeriram Augusto Cruz, presidente do conselho de administração da BR Distribuidora.

“Estou me colocando a disposição para ter a sensação de dever cumprido. Tenho o nome da empresa gravado, não na roupa, mas muito mais profundo, no coração”, disse Furlan, referindo-se a sua condição de herdeiro da antiga Sadia e de um dos negociadores para a formação da BRF. O empresário é o maior acionista pessoa física da empresa, com 0,78% de participação.

Nos últimos dias, o grupo ligado a Abilio ficou mais otimista com a possibilidade de atrair os votos dos fundos estrangeiros e contrabalançar a participação mais expressiva de Previ e Petros durante a assembleia, por conta de um relatório da International Shareholders Service (ISS).

A consultoria, que é respeitada por investidores institucionais, recomendou voto a favor do nome de Furlan e contra o executivo indicado por Petros e Previ. De acordo com o relatório, os analistas da ISS acreditam que a chapa indicada pelos fundos representa uma mudança muito significativa no conselho da empresa em um momento de dificuldades.

RENOME

Outro movimento dos aliados de Abilio foi indicar candidatos conhecidos e respeitados pelo mercado para o colegiado: Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Vicente Falconi, consultor de empresas que já trabalhou para a Sadia, e Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura.

O clima já vinha tenso na BRF há meses, mas a guerra entre os acionistas foi deflagrada no início de março, quando Petros e Previ solicitaram a destituição do conselho e indicaram uma chapa alternativa para ser votada na assembleia.

Os fundos, que apoiaram a entrada de Abilio na empresa em 2013, vinham insatisfeitos com a condução da empresa. O empresário havia prometido levar as ações da companhia a R$ 100, mas os papeis nunca atingiram esse patamar. Nesta terça-feira (17), estavam cotados a cerca de R$ 21.

Abilio ainda tentou fazer um acordo com Petros e Previ e compor uma chapa de consenso, mas a iniciativa não foi adiante. Depois disso, o atual conselho da BRF, no qual o empresário e seus aliados detém maioria, propôs uma chapa alternativa. As duas chapas iriam se enfrentar na assembleia, mas acabaram excluídas depois que o fundo britânico Aberdeen pediu voto múltiplo.

“Se tem bom resultado, não tem briga entre os acionistas. Agora quando falta milho no terreiro, as galinhas se bicam. É isso que está acontecendo hoje na BRF. A empresa precisa voltar a crescer”, disse Furlan.

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