Descrição de chapéu MPME

Princesas ajudam a vender, mas investimento é alto

Descobrir setores onde há pouco licenciamento de personagens é saída para pagar um pouco menos

Anna Rangel
São Paulo

Empresas que querem licenciar produtos com personagens populares entre as crianças precisam investir alto: um contrato anual custa cerca de R$ 150 mil. Contudo, dá para buscar setores menos explorados e negociar com as licenciadoras valores mais em conta.

As áreas de moda e cosméticos infantis são exemplos de nichos com valores mais baixos, diz Adriano Campos, consultor do Sebrae especializado no mercado para crianças.

Campos afirma que vale buscar parcerias com celebridades ou influenciadores brasileiros, cujos contratos saem mais em conta em relação aos da Disney e suas figuras conhecidas mundo afora.

Quando se trata de brinquedos, ramo no qual licenciar personagens pode influenciar diretamente o sucesso ou fracasso das vendas, as gigantes do entretenimento podem elevar muito mais os custos para tirar uma licença.

Além de alocar a verba, é importante levar em conta que esse tipo de contrato, em geral, é curto, de um ou dois anos, e precisa ser renegociado no final desse período.

“A vantagem é que dá para medir quais personagens são moda passageira e direcionar melhor os investimentos”, afirma Campos.

Negócios de médio porte e maior poder de investimento podem lucrar com parcerias.

Licenciar itens com a princesa Elsa, de “Frozen”, a Galinha Pintadinha ou a porquinha Peppa Pig garantiu aumento de vendas de até 30% à empresa Elka.

Os personagens estão em produtos para bebês e crianças de até 3 anos, um de seus principais nichos.
Hoje, de 35% a 45% do faturamento da Elka vem de objetos com personagens.

“Investimos tanto em marcas que estão bem quentes na memória das crianças quanto em clássicos como Mickey e Minnie, para ganhar com a novidade e ao mesmo tempo manter produtos que sempre vendem bem”, diz o diretor comercial e de marketing da empresa, Eduardo Kapaz Júnior.

Já a carioca Megamatte paga cerca de R$ 140 mil por ano para cada contrato de licenciamento com personagens das empresas Disney, Warner e Dreamworks.

Expositor pequeno com dois copões do Pica-Pau, licenciados pela Megamatte, no balcão de uma das lojas
Expositor dos produtos licenciados da Megamatte em uma de suas lojas - Divulgação

A empresa investe em copos com personagens estampados para suas porções de pão de queijo. Shrek e os animais do filme “Madagascar” são dois exemplos de sucesso.

Para o presidente da rede, Julio Monteiro, a tática ajudou a elevar as vendas: em 2017, o crescimento foi de 73%. Só a venda dos copões representou R$ 2 milhões.

“Como é um produto colecionável, que o cliente leva para casa e pode usar sempre, é um jeito de fazer com que se lembre da nossa marca depois que sai da loja. Há consumidores que pedem aos atendentes das lojas para reservar os copos que serão lançados em breve”, afirma.

Os contratos também preveem brindes sazonais com os personagens.

Para Campos, do Sebrae, é bom elaborar um calendário de divulgação alinhado com as férias escolares. Janeiro e julho seriam os melhores meses para oferecer novos produtos ou experimentar um novo personagem.

Quem quer chamar a atenção de grandes licenciadoras deve investir em um bom sistema de distribuição, que englobe todo o país, diz Marici Ferreira, presidente da Abral (Associação Brasileira de Licenciamento).

“Quem tem um personagem famoso no produto consegue até pleitear um espaço melhor nas gôndolas”, afirma.

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