Turista deve comprar moeda aos poucos para diluir riscos de oscilação brusca

fatores que levaram à valorização recente do dólar devem se manter ao longo de 2018

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São Paulo

A forte valorização do dólar na semana passada assustou turistas com viagem programada. Se a moeda superou a barreira psicológica de R$ 3,50 no mercado à vista, nas casas de câmbio o dólar turismo encostou em R$ 3,90.

Para o planejamento da viagem, uma alta de R$ 0,20 por dólar, como a registrada em abril, pode comprometer o orçamento, se o turista fez compras no cartão de crédito e a fatura fechou em algum momento durante a semana passada.

Gastos de US$ 2.000, por exemplo, saltariam de R$ 7.400 para R$ 7.800.

Para especialistas, quem tem viagem marcada até o fim do ano deve comprar dólar aos poucos. Isso porque fatores que levaram à valorização recente devem se manter ao longo de 2018.

Do lado externo, as possibilidades de que o banco central dos EUA faça aumentos adicionais de juros no país são grandes, o que atrai dinheiro hoje aplicado em emergentes como o Brasil. A saída de dólares pressiona sua cotação.

Aqui, ainda é cedo para ter uma leitura clara do cenário eleitoral. Os principais pré-candidatos que lideram a disputa —Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede)— não divulgaram ainda suas propostas para a área econômica.

“O ideal é antecipar e fracionar a compra. Temos um ano de eleição, o dólar pode estar em R$ 3,20 ou em R$ 4”, diz Joelson de Oliveira, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Antes de comprar a moeda, é preciso fazer um orçamento das despesas da viagem. “Planejamento é a palavra. Fica complicado ficar esperando o melhor momento para comprar”, diz Jayme Carvalho, diretor da associação Planejar.

Se o turista precisa comprar US$ 3.000 em um período de 30 dias, a dica é dividir o valor e adquirir US$ 100 diariamente. “Se acha que vai dar muito trabalho, mude para uma parcela semanal”, diz.

Vale pesquisar em várias casas de câmbio. Após planejar o valor, deve-se distribuir o dinheiro por meios de pagamento diferentes.

O papel-moeda tem IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) mais baixo, de 1,1%. Ele é necessário para pequenos gastos, como gorjetas em hotéis ou táxis. Mas há risco de o turista ser roubado ou furtado.

No cartão pré-pago, o IOF sobre a transação é de 6,38%, o mesmo do cartão de crédito —este, no entanto, traz risco cambial, como na semana passada. “Se acontecer como na delação do Joesley [Batista], que subiu 8% em um dia, o turista pode não ter como pagar a fatura”, diz Sampaio.

Para quem tem dívidas recorrentes no exterior, é possível se proteger de uma oscilação aplicando em fundos cambiais, que acompanham a variação de uma moeda estrangeira, principalmente dólar e euro.

“Se todos os seus custos são em reais, se não tem dívida em dólar e não vai viajar, não precisa sair comprando fundo cambial. Você não estaria fazendo uma proteção, estaria fazendo uma aposta”, diz Michael Viriato, professor do laboratório de finanças do Insper.

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