Volkswagen aposta no segmento de SUVs para tentar recuperar mercado

Montadora vai investir R$ 2 bi para iniciar a produção do T-Cross, que chega ao mercado em 2019

Pablo Di Si, presidente da Volkswagen para a América do Sul e Brasil
Pablo Di Si, presidente da Volkswagen para a América do Sul e Brasil - Adriano Vizoni/Folhapress
Tatiana Vaz
São José dos Pinhais (PR)

A Volkswagen anunciou na manhã desta terça-feira (3) o investimento de R$ 2 bilhões para o início da produção do T-Cross, o primeiro SUV feito pela companhia no Brasil. O modelo será produzido na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, e chega ao mercado no primeiro semestre de 2019.

De acordo com Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América do Sul e Brasil, de cada dez veículos vendidos hoje no Brasil, dois são utilitários esportivos, motivo pelo qual a montadora está investindo no segmento.

A montadora já tem outros dois SUVs, o Tiguan e o Touareg, mas ambos são importados.

O desembolso na fábrica paranaense faz parte do plano da montadora alemã de investir R$ 7 bilhões no Brasil e lançar 20 modelos até 2020, sendo 5 deles SUVs. Das novidades, 13 serão produzidas no país, 2 na Argentina e 5 serão importadas.

“Vamos ampliar nossa participação em segmentos de volume [automóveis comerciais leves] e colocar em prática a maior ofensiva de produtos da história da Volkswagen no Brasil”, disse ele.

Atualmente, a companhia participa de 70% dessas ofertas no mercado brasileiro. O objetivo é passar a concorrer em 92% nos próximos dois anos.

“Ficamos muito tempo na terceira colocação [do setor automotivo brasileiro] por falta de produtos. Com o lançamento temos agora todas as ferramentas para voltar a liderar o mercado até 2020”.

Os planos da companhia previam um crescimento de mercado de 40% em quatro anos, a partir de 2017. Mas a recuperação da economia do país e do aumento do consumo fez com que as metas fossem ajustadas para serem alcançadas um ano antes.

Apenas no primeiro trimestre o mercado cresceu 14,7%, enquanto as vendas da Volkswagen tiveram um incremento de 31,7%, “o maior índice entre as maiores montadoras do país”, disse Di Si. 

MODERNIZAÇÃO

Do aporte total no novo modelo, de R$ 2 bilhões, R$ 600 milhões serão para o desenvolvimento, testes e validação da produção na fábrica de São José dos Pinhais, onde também são produzidos os modelos Fox, Golf e os Audi A3 Sedã e Q3

O outro R$ 1,4 bilhão serão destinados à ampliação e modernização da fábrica onde o modelo será produzido com novas máquinas, centenas de robôs e a volta gradual dos empregados com contratos de trabalho suspensos (lay-off). 

Em janeiro de 2019, a unidade de São José dos Pinhais volta a ter mais um turno e passa a operar com todos 2.600 funcionários. Dos funcionários suspensos, 450 voltaram a trabalhar em março e os outros 321 devem retornar até janeiro. Novas contratações não estão previstas.  

A fábrica no entanto, lembrou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região, chegou a empregar mais de 5.000 no início dos anos 2.000.

Atualmente, a unidade está em parada técnica recebendo os ajustes para a chegada do T-Cross, que será feito na chamada matriz modular transversal, mesma plataforma de padronização de modelos globais, como o Passat e o Golf. A volta da operação acontece até o final de abril.

ROTA 2030

Ainda nesta terça-feira, em evento em São Paulo, Di Si disse que atraso nas negociações do Rota 2030 é negativo e poderá levar a empresa a repensar seus investimentos no futuro. "Tivemos uma reunião em Brasília em fevereiro e achava que seria aprovado no primeiro trimestre. Quando mudam as regras do jogo não é positivo", disse.

A jornalista viajou a convite da Volkswagen

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