Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Depois de sacrificar 64 mi de aves, produtores vão ao Planalto pedir socorro

Perdas no setor poderão levar a aumento de preços e normalização de abastecimento pode levar dois meses, diz ABPA

Caminhoneiros bloqueiam entrada de refinaria em Araucária (PR) - Rodolfo Buhrer/Reuters
São Paulo e Brasília

Produtores rurais foram ao Palácio do Planalto neste domingo (27) entregar uma carta de manifestação ao presidente Michel Temer depois que 64 milhões de aves foram sacrificadas por falta de alimentos.

De acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o prejuízo até agora é de R$ 3 bilhões e, nos próximos cinco dias, 1 bilhão de aves e 20 mil suínos morrerão se não chegar comida para os animais. A região mais atingida é a Sul.

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A associação diz que as perdas podem levar a aumento de preços para o consumidor final e que a normalização do abastecimento do mercado pode demoarar até dois meses. 

Estamos aqui para pedir uma ação imediata. Já está havendo canibalização. Precisamos que os caminhoneiros deixem passar comida", disse o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin, que entregará a carta na Casa Civil.

Segundo Santin, o sistema de produção pode entrar em colapso nos próximos três dias. Além disso, começa a haver risco para a saúde pública por não ter onde enterrar tantos animais sacrificados.

"Estamos no limite de causar um desastre ambiental e de saúde pública", disse o diretor-executivo.

Segundo Santin, outra preocupação é em relação à produção voltada para o exterior, que segue normas de bem-estar dos animais. Se a situação se prolongar, os produtores poderão ter as vendas externas afetadas.

Após a reunião no Palácio do Planalto, Santin acrescentou que a crise já reduziu em US$ 350 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) as exportações brasileiras de aves. 
O empresário afirmou que, durante o encontro, o presidente Michel Temer demonstrou estar confiante em construir um acordo para iniciar a semana com normalidade. 
Santin disse ainda que também conversou com representantes dos caminhoneiros, pedindo a sensibilidade dos grevistas com o transporte de animais, para evitar a mortandade de aves.  
 

Mais cedo, os produtores receberam o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), que informou a eles que o governo estava negociando com os caminhoneiros.

Na carta entregue ao governo, a ABPA reforçou que a mortandade animal já é uma realidade devido à falta de ração e de espaço, em consequência da paralisação nos transportes.

A associação também diz que, por falta de condições de transporte pelas rodovias brasileiras, milhares de toneladas de alimentos estão ameaçadas de perderem prazo de validade, enquanto o consumidor já enfrenta a escassez de produtos.

Com risco de canibalização e condições críticas para os animais, 64 milhões de aves adultas e pintinhos já morreram, e um número maior deverá ser sacrificado em cumprimento às recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal e das normas sanitárias vigentes no Brasil.

IMPACTOS

Segundo a associação, os reflexos sociais, ambientais e econômicos são incalculáveis.  Hoje, a ABPA registrou 167 plantas frigoríficas de aves e suínos paradas. Mais de 234 mil trabalhadores estão com atividades suspensas.

A associação diz que as dificuldades enfrentadas pelo setor terão impacto nos consumidores.

"As carnes suína, de frango e os ovos, proteínas que antes eram abundantes e com preços acessíveis, poderão se tornar significativamente mais caras ao consumidor caso a greve se estenda ainda mais. "A mortandade cria uma grave barreira para a recuperação da produção do setor nas próximas semanas e meses", disse a ABPA em sua nota.

A associação representa 150 empresas e quase 100% do setor de aves e de suínos do Brasil. 

Segundo ela, consequências da greve criaram desabastecimento e pararam produções. É importante que todos saibam: após o final da greve, a regularização do abastecimento de alimentos para a população poderá levar até dois meses", disse a ABPA em nota.

Daniel Carvalho, Talita Fernandes e Mariana Carneiro
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