Carros estão mais integrados com celulares, computadores e redes sociais. Funcionam como uma extensão dos aparelhos e dos perfis dos proprietários. É uma exigência do consumidor.

No Brasil, a Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) desenvolveu para o sedã Virtus, lançado neste ano, um sistema inédito em que o carro “conversa” com o motorista e responde dúvidas sobre o seu funcionamento.

A comunicação, oral ou escrita, é feita através do celular do cliente pelo aplicativo “Meu Volkswagem”, disponível gratuitamente para iOS (Apple) e Android (Google). 

“Entendemos que aplicativos de áudio e imagem são uma tendência para simplificar a vida. O consumidor mudou, mas, quando pensávamos nas questões técnicas dos carros, continuávamos a oferecer as mesmas respostas: o manual técnico, pouco utilizado pelos clientes”, afirma Fábio Rabelo, gerente executivo de Digital & Novos Modelos de Negócio da Volkswagen. 

Chamado de “manual cognitivo”, o sistema utiliza como base o IBM Watson, plataforma de assistência com inteligência artificial, como a Siri, da Apple.

“O projeto é reconhecido pela própria IBM como uma inovação. Foram criadas 10 mil perguntas sobre todos os pontos técnicos do carro contidos no manual e alguns outros do dia a dia dos consumidores”, afirma Rabelo. Há desde informação sobre consumo de combustível até como instalar a cadeirinha do bebê ou usar o multimídia. 

Como os sites de busca ou outros assistentes de voz, o aplicativo da Volkswagen tem campos para digitação e microfone para que o usuário faça sua pergunta oralmente. O sistema reconhece sotaques e é capaz de aprender quanto mais se interage com ele.

Em menos de dois meses mais de 30 mil perguntas foram feitas para o manual cognitivo do Virtus, segundo Rabelo. “Temos 92% de assertividade em nossas respostas, o que é um número bem acima da média dos sistemas de inteligência artificial”, diz.

Se o assistente não encontra informações para responder a questão do usuário, ele a encaminha para a central de relacionamento com o cliente.

O manual cognitivo também acaba de ser introduzido no Tiguan e deve chegar a outros modelos da marca.

O Brasil também é um dos países em que a Mercedes-Benz desenvolve seu sistema de direção inteligente. A montadora realizou testes de trânsito em São Paulo.

 “Escolhemos a cidade por conta das pessoas que ocasionalmente andam entre os carros nas marginais”, afirma Christoph Von Hugo, diretor de Segurança Ativa da Mercedes. 

Ele coordena uma equipe que dirige por diferentes países um Classe S com sensores para “ensinar” o algoritmo da marca a controlar sozinho o veículo. “No Brasil, o sistema que mantém a distância do carro à frente, após uma parada total, não retorna a acelerar quando o trânsito volta a fluir, como ocorre em outros países”, afirma.