Bancos distribuem R$ 4,6 bi aos acionistas no primeiro trimestre

Valor corresponde a uma parcela do lucro somado de R$ 14,4 bilhões no período

Bradesco teve aumento de 9,8% no lucro no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2017, para R$ 5,102 bilhões - Paulo Whitaker-1.fev.2018/Reuters
Danielle Brant
São Paulo

Os três maiores bancos privados do país vão distribuir R$ 4,6 bilhões aos acionistas sob a forma de dividendos ou juros sobre capital próprio no primeiro trimestre, uma parcela do lucro somado de R$ 14,4 bilhões no período.

O valor está em linha com o que foi pago por Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil nos três primeiros meses de 2017 (R$ 4,815 bilhões). Mas a perspectiva de analistas é que a recuperação da economia e o aumento das concessões de empréstimos ao longo do ano --principalmente no caso dos dois primeiros bancos — turbinem esse valor.

Além de reflexo do lucro crescente dos bancos nos últimos anos, mesmo em meio à grave crise financeira que afetou o país, o pagamento de dividendos ajuda as instituições a lidar com uma sobra de caixa grande no balanço, afirma João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho.

"Os bancos estão extremamente líquidos, e isso não é bom para eles. O que se observava é que, com a Selic a 14%, eles ganhavam em tesouraria [aplicando em produtos financeiros com rendimento atrelado à taxa básica]. Ou então compensavam emprestando mais", afirma.

"No momento não está acontecendo nenhuma das duas coisas. Com o caixa elevado, os bancos distribuem o dinheiro." Ao pagar o dividendo, o banco conquista a confiança do acionista.

Essa sobra de caixa também não pode ser usada para comprar outros bancos no Brasil, no caso de Bradesco e Itaú Unibanco, devido à avaliação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e do BC de que novas aquisições poderiam trazer riscos à concorrência no país, diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

Com a expectativa de expansão da carteira de crédito, a tendência é que os bancos distribuam mais dividendos e juros sobre capital próprio neste ano, acompanhando o aumento do lucro esperado pela retomada das concessões, mas sem abrir mão da melhora da qualidade da carteira, diz Salles.

Para Santacreu, da Austin, o aumento das concessões é natural para conter a diminuição dos spreads bancários --diferença entre a taxa de captação e empréstimo dos bancos.

"Se eles reduzirem o spread mais rapidamente que o crescimento da carteira, podem afetar margens. Deve haver uma sintonia fina de redução bem gradual dos spreads com aumento gradual do crédito", afirma.

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