Caminhoneiros dizem que aqueles que não param nos bloqueios são retaliados com pedradas

'Vai ficar com a gente, passar frio e valorizar o movimento', diz um motorista

Caminhão com pedido de intervenção militar parado em posto de gasolina da 381, em Betim (MG) - Alexandre Rezende/Folhapress
Belo Horizonte

Caminhoneiros ouvidos pela reportagem afirmaram que aqueles que não param ao atravessar pontos de bloqueios nas rodovias são retaliados com pedradas.

Na BR-381, por exemplo, na altura do km 797 no sentido Belo Horizonte, em São Gonçalo do Sapucaí (MG), há galões dispostos na rodovia, obrigando os veículos a diminuírem a velocidade. Uma placa de "intervenção militar" e uma longa fila de caminhões no acostamento acompanham o bloqueio.

Os caminhões que atravessam a barreira têm algum motivo: ou transportam material de hospital ou estão mudando de local para estacionar. A nota fiscal da carga é verificada pelos demais caminhoneiros.

Segundo o caminhoneiro Fernando Francisco, 47, os demais motoristas são convencidos a ficar parados ali. "Vai ficar com a gente, passar frio e valorizar o movimento", diz.

Ele afirma que os galões são apenas uma segurança para que os carros diminuam a velocidade e não haja acidentes, já que o grupo de caminhoneiros ocupa as beiradas das pistas. 

Em todo o trecho da BR-381 de Belo Horizonte a São Gonçalo, essa foi a primeira barreira física vista pela reportagem. Em geral, grupos de caminhoneiros estacionam dentro dos postos de gasolina e se concentram na saída do local, deixando a pista livre. 

Porém, se passa algum caminhão, vão até a rodovia para abordar e convencer o motorista.

Apesar dos relatos de pedradas, muitos caminhoneiros afirmam que não há nenhum tipo de pressão e que o movimento é espontâneo e voluntário.

Para Roberto de Oliveira, 46, caminhoneiro há oito anos, nega que haja pressão, mas diz haver medo. "De certa forma, eles obrigam o cara a parar."

"Se eu rodar e o pessoal quebrar um para-brisa, uma lanterna, eu tenho que pagar. Então, pra não tomar prejuízo, tenho que aderir e participar em conjunto. O Brasil todo está parado", completa.

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