Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Caminhoneiros na Anhanguera não acreditam em Temer e pedem desconto maior no diesel

Eles exigem redução maior que R$ 0,46 no valor do óleo diesel e por prazo mais extenso que 60 dias

Guilherme Seto
São Paulo

Os motoristas de caminhão que trafegam pela rodovia Anhanguera, em São Paulo, têm sofrido menos com bloqueios relacionados à greve que nesta segunda-feira (28) chega ao seu oitavo dia, já que a via é utilizada frequentemente para transporte de cargas dentro da capital. 

No entanto, os caminhoneiros que por ali passam mostram discurso afinado com o que tem sido apresentado por aqueles que se recusam a deixar as principais estradas do estado mesmo com as mais recentes concessões do presidente Michel Temer (MDB).

Eles exigem redução maior que R$ 0,46 no valor do óleo diesel e por prazo mais extenso que 60 dias; fazem críticas ao que veem como falta de credibilidade de Temer; e pedem uma intervenção militar federal.

“O diesel não abaixou. Eles roubaram a Petrobras e querem passar o prejuízo para a gente. A greve não vai parar, só vai aumentar. R$ 0,46 não resolve nada, ninguém vai sair da pista por uma mixaria dessas. Não serve nem para cobrir o que perdemos na greve”, diz João Paulo “Coco Seco”, 32, caminhoneiro, cujo veículo tem marca de tiro recebida após tentativa de furar um bloqueio.

“Tem que abaixar pelo menos R$ 1 do óleo, senão não volta. Estou gastando R$ 5 mil a mais por mês em relação ao ano passado só de aumento de diesel. Precisamos de uma garantia de que vai abaixar mais e permanentemente. Pararam o país por uma semana por causa de R$ 0,40? É muito pouco”, diz Fábio Correia, 31, proprietário de seis caminhões.

Duas pequenas manifestações chegaram a fechar pistas da Anhanguera nesta segunda, mas foram rapidamente desfeitas pela polícia rodoviária. Segundo os caminhoneiros, isso não significa desmobilização.

“Essas manifestações foram feitas por motoristas que trabalham para um supermercado da região. Eles se assustaram com ameaças de multa da polícia e saíram, mas não foram para suas casas: foram para a Régis apoiar o pessoal”, diz o caminhoneiro Miqueias Barbosa, 30.

“Tudo que eu vejo são promessas de um governo que não cumpre o que promete em nada. Como a gente vai saber que não vão diminuir agora para aumentar o valor do diesel de novo daqui a alguns meses? O governo não fiscaliza e cada posto cobra o que quer. Como saber se a gente vai ter a redução de verdade?”, completa.

Insatisfeitos com as concessões do governo Temer e descrentes em relação ao cumprimento das promessas, eles defendem que os militares assumam o controle do Brasil.

Para o motorista Clayton Souza, 39, o atual governo não teria mais “credibilidade” para continuar.

“Na minha opinião, a greve só acaba se os militares assumirem até as eleições. É o único jeito. O Exército deveria tomar conta, organizar. O Temer e os outros políticos estão tapeando o povo. São todos mentirosos”, afirma Souza. Ele levou os filhos para ver a greve no final de semana.

“Não temos alternativa entre os políticos. Saindo o Temer entra quem? Ninguém se salva, todos roubam. Não dá para acreditar que ele vá manter essa redução daqui a dois meses. Por isso nós caminhoneiros queremos que o Exército assuma. Acho que a greve não é mais só sobre os caminhoneiros. Os administradores não pensam no povo. O Brasil é muito rico e está uma bagunça”, diz Nascimento Bento, 54, que dirige caminhão há mais de 30 anos.

Miqueias Barbosa diz que proliferam vídeos exaltando a intervenção militar nos grupos de WhatsApp de que ele faz parte.

“Acredito que seria o melhor para nós. A gente não vê mais esperança nos políticos. Alguns vídeos que a gente recebe falam que [a intervenção] está para acontecer. Vamos esperar.”

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