Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Caminhoneiros na Dutra mantêm paralisação e retêm motoristas

Cargas como remédios e comida para hospitais e escolas têm sido liberadas

Joelmir Tavares
São Paulo

Reunidos em volta de uma fogueira para afastar o frio, caminhoneiros estacionados no km 162 da rodovia Dutra disseram na manhã desta terça-feira (29) que a paralisação será mantida. No local, perto de Jacareí (SP), há caminhões estacionados no acostamento dos dois sentidos.

Veículos de carga e ônibus são parados para inspeção, e os motoristas têm que apresentar nota fiscal do produto. Cargas como remédios e comida para hospitais e escolas têm sido liberadas. 

Ônibus são verificados porque houve casos de alguns transportando peças automotivas, segundo os manifestantes, que pedem para a reportagem não identificá-los nem fotografá-los.

Um motorista que passou com materiais de construção foi barrado. Ele, que não quis informar seu nome à Folha, argumentou que levava os produtos para casa e pediu para seguir viagem até São José dos Campos. Não foi atendido.


Motoristas brecados são convidados a se juntar ao movimento. Muitos estão retidos há quase uma semana e, diante dos grevistas, defendem a manifestação, repetindo o discurso de que ela beneficiará os brasileiros com redução de impostos e de preços.

Os caminhoneiros impedem a saída de quem ficou retido, a não ser que haja necessidade extrema. Um motorista que tinha exame cardíaco marcado foi liberado. Na madrugada, relataram os manifestantes, um homem tentou escapar, mas faltou sorte: sua Kombi quebrou antes de sair do acampamento.

As lideranças se defendem dizendo que quem quiser ir embora está livre para isso e pode deixar o veículo. Elas dizem que vigiam a área para impedir assaltos.

O grupo no local segue as indicações mandadas por WhatsApp pelo motorista Wallace Landim, o "Chorão". Segundo os interlocutores, a orientação é para manter o movimento.

Eles rejeitam as propostas do governo federal, que consideram insuficientes, e pedem redução de 30% no valor de todos os combustíveis, além de reajuste no valor do frete.

As bandeiras foram ampliadas para a crítica à carga tributária e ao que chamam de privilégios dos políticos, além do clamor por intervenção militar. Uma faixa na beira da estrada e uma pintura no asfalto exprimem o desejo de atuação das Forças Armadas. “Temer ditador, fora”, pede um cartaz na paralisação.

ACAMPAMENTO

Representantes afirmam que o protesto é pacífico, que não houve furtos no acampamento e que não querem prejudicar a população.

O grupo está se alimentando com doações e produtos dos caminhões parados. Segundo lideranças, as retiradas de carga foram autorizadas por patrões simpáticos à causa. Já pegaram peixe e linguiça.

As refeições são feitas numa tenda, onde tarefas como a limpeza de copos e a distribuição de pães são divididas. Cerca de 50 homens estavam no local por volta das 8h desta terça.

O grupo no km 162 demonstrou surpresa com a informação de que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) disse à Folha que a paralisação precisa acabar. Eles viam o deputado federal como apoiador da iniciativa, mas dizem que o ato não tem intenção eleitoral.

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