Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Caminhoneiros na Régis rejeitam Temer, recebem comida e têm apoio de civis

Manifestantes dizem que proposta do governo não é suficiente e não querem ceder

Caminhoneiro recebe pulseira de identificação para comer em protesto - Marcelo Justo/Folhapress
Joana Cunha
São Paulo

No bloqueio próximo a Embu das Artes (SP), na rodovia Régis Bittencourt, a orientação dos caminhoneiros é "não arredar o pé enquanto o diesel não baixar" na bomba do posto de gasolina.

Apesar do anúncio do governo Temer neste domingo (27), cedendo uma diminuição no preço do diesel de R$ 0,46 por 60 dias e estipulando preço mínimo de frete, os manifestantes não querem ceder tão já.

"Estou com a perna arriada", diz um caminhoneiro que responde "não dou meu nome para ninguém", ao ser questionado sobre sua identidade e estado de origem.

"Eu já vou começar a andar de cabeça pra baixo porque o meu pé tá doendo demais", diz um outro que, apesar do cansaço, mantém os cabelos alinhados com gel fixador.

Um terceiro, apelidado de Cabelo, mostra as varizes inchadas. Ele tem no bolso uma caixa do medicamento Velija. "Na farmácia não falta remédio porque a gente libera quando passa nos bloqueios", diz Cabelo.

"A gente está cansado, mas é guerreiro", diz um outro. Ele dá dois saltos para mostrar que tem energia.

Almoço

Os motoristas passaram a usar pulseirinhas de papel para se identificar ao receber alimentos na tenda de doação instalada no local.

"A gente não quer negar alimento para quem precisa, mas essa comida que nós recebemos aqui é para ajudar a segurar o movimento enquanto for necessário", disse o caminhoneiro Eduardo.

Na manhã desta segunda-feira (28) os caminhoneiros no local ainda não tem previsão do que acontecerá nas próximas horas. Em informações dispersas eles dizem que quando derem o aviso de que "está liberado" todo mundo vai embora.

A sensação geral é de cansaço, além da preocupação com a queda nos próprios faturamentos, após uma semana paralisados.

"Eu tenho um boleto de R$ 5.000 para pagar no dia 1°. Ainda tenho uma caixinha, mas vai acabar", afirma ele.

No meio dos alimentos que chegaram para o almoço no protesto do km 280 da Régis, havia rosas que foram distribuídas para as mulheres que estão no local e para as que passam em carros e ônibus na rodovia acenando em sinal de apoio.

Há trabalhadoras de transportadoras de Embu das Artes, motoristas de vans escolares e funcionárias de outras empresas que dispensaram a equipe nesta segunda-feira  (28).

Apoio de civis

A Folha esteve na manifestação da Regis Bittencourt no sábado e no domingo. Moradores de Embu das Artes foram até o local para apoiar a manifestação.

Proposta de Temer não agrada 

A redução no preço do diesel proposta pelo presidente Michel Temer não satisfez os caminhoneiros que estão parados no acostamento. 

A avaliação geral é a de que é preciso prolongar mais a paralisação para conseguir uma queda ainda maior.

"Se a Petrobras tem condição de vender barato no Paraguai, por que não reduz o preço aqui também?", diz Rivail Cesar, 54, caminhoneiro do Paraná.  

"Essa política do senhor Pedro Parente não é boa para o povo brasileiro. A Petrobras é uma empresa pública e ele está preocupado com os investidores americanos", afirma Darcy Ribeiro, 65.

O ponto do km 280 na Régis onde se concentram mais de 300 caminhões continua recebendo alimentos e itens de higiene. 

Chegam também flores que estavam perecendo em caminhões paralisados para serem distribuídas às mulheres que estão no local em apoio à manifestação.

Há trabalhadoras de transportadoras locais, motoristas de vans escolares e funcionárias de empresas de Embu das Artes que dispensaram os trabalhadores devido à greve.

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