Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Preço da laranja triplica no Ceagesp no 5º dia de protestos dos caminhoneiros

Só caminhões que trafegaram fora dos bolsões de protestos conseguiram descarregar pequenas cargas de produtos

Dhiego Maia Sheila Vieira
São Paulo

Acabou a alface. Gritava um descarregador de hortaliças na manhã desta sexta-feira (25) na Ceagesp (maior entreposto atacadista de alimentos da América Latina), em São Paulo.

O entreposto sente com força os reflexos da paralisação nacional dos caminhoneiros que já dura cinco dias.

Os pátios, que em uma sexta-feira normal ficam apinhados de caminhões, estão vazios. Sem ter o que fazer, os trabalhadores da central de abastecimento aproveitavam o tempo livre para jogar bola.

Segundo Fernando da Silva Cândido, vice-presidente do Sincaesp (sindicato dos permissionários de São Paulo), o volume de produtos caiu cerca de 70%. "Não tem mamão. E os produtos estocados estão inflacionados", diz.

Pavilhão das hortaliças esvaziado na Ceagesp, em SP
Pavilhão das hortaliças esvaziado na Ceagesp, em SP - Dhiego Maia/Folhapress
A saca da batata que era vendida por R$ 50, agora, passa dos R$ 120. A caixa de 30 kg de tomate também sofreu a mesma elevação de preço. 

Pela manhã, a única movimentação que se viu ocorreu no setor das hortaliças, produtos que precisam ser repostos todos os dias.

Só os caminhões que trafegaram fora dos bolsões de protestos formados nas rodovias da Grande São Paulo conseguiram descarregar pequenas cargas de produtos fresquinhos na manhã desta sexta no local.

João Batista Gonçalves, 54, recebeu 80 volumes de hortaliças diversas —em dias normais, a carga passa de 250 volumes.

Ele diz que precisou mais que dobrar o preço das hortaliças para não ficar no prejuízo. Uma caixa de alface custava R$20 antes da paralisação. Hoje, na banca do João, sai por R$ 50.

"É a lei da oferta e da procura. Todo mundo aumentou o preço porque sabe que na falta quem precisa vai comprar independente do preço", diz ele.

Na base da cadeia, Alberto Santos, 50, que representa os produtores de legumes em Bom Jesus dos Perdões (SP), diz que os produtores de sua região não estão vendendo mais nenhuma hortaliça para fora do município desde o início da manifestação dos caminhoneiros.

"Os nossos 50 associados estão preferindo doar a produção para as entidades de caridade porque o custo do frete e o risco da carga estragar na estrada em um bloqueio é grande", afirma.

A pequena Bom Jesus dos Perdões, de 15 mil habitantes, está na rota da Fernão Dias, uma das rodovias mais afetadas pelos atos dos caminhoneiros.

Nas conta de Alberto, os produtores de Bom Jesus estão deixando de ganhar R$ 20 mil por dia.

"A manifestação deles [caminhoneiros] é legítima. Se o preço do diesel abaixar tudo melhora, como o frete", diz Fernando Cândido, o representante dos permissionários da Ceagesp.

 

TABELA DE PREÇOS NO CEAGESP


A reportagem falou diretamente com os vendedores, uma vez que os preços oficiais não estão sendo divulgados

Tomate 20kg - por volta de $70 (preço normal $50)

Vagem 20kg - $ 120 (preço normal $40)

Cenoura 20kg - entre $80 e $100 (preço normal $35)

Laranja 20kg - $80 (preço normal $35)

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