Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Com 10 dias sem entrada de caminhões, porto de Santos tem prejuízos acima de US$ 100 mi

Caminhoneiros seguem nos acessos à margem dir. (Santos) e esq. (Guarujá) do cais santista

Gilmar Alves Jr.
Santos

Com dez dias com fluxo de caminhões praticamente nulo devido à paralisação dos caminhoneiros, o porto de Santos tem prejuízos incalculáveis no atual momento e irreparáveis, segundo o sindicato que representa os terminais portuários do Estado de São Paulo, o Sopesp. 

Somente para o setor de navegação, os prejuízos chegam a cerca de US$ 100 milhões, segundo levantamento do Sindamar (Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo). 

Caminhoneiros autônomos em greve no cais santista afirmam que vão continuar com a paralisação enquanto não houver um corte maior no preço no diesel, diminuição no preço de outros combustíveis, como gasolina e etanol, no gás de cozinha, e atendimento de outras reivindicações da categoria.

Os caminhoneiros seguem concentrados nos acessos à margem direita (Santos) e esquerda (Guarujá) do cais santista. Não há bloqueios, mas o fluxo de caminhões é praticamente nulo, pois somente são autorizados a passar pelos pontos de concentração caminhões com cargas como de medicamentos e produtos hospitalares. 

“Tem que melhorar esse preço [dos combustíveis]. Senão a turma não vai sair daqui não”, afirma a caminhoneira Adélia Regina Alves Moreira Bonassi, 63. Moradora da capital paulista, Bonassi está desde o último dia 22 na paralisação em Santos e tem passado as noites no próprio caminhão.

O caminhoneiro Manoel Rogélio Canas Prado, 65, afirma que devido aos aumentos do preço do diesel passou a enfrentar graves dificuldades financeiras e “só não cortou comida em sua casa”.

O presidente do Sindicam (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira), Alexsandro Viviani, o Italiano, diz que os manifestantes explicam aos caminhoneiros que eventualmente chegam aos acessos sobre os motivos da paralisação. “Até agora aderiram (em não querer entrar). O pessoal entende que há necessidade realmente”, diz.

Apesar de alguns manifestantes defenderem a intervenção militar e a saída do presidente do Michel Temer (MDB) do governo, Viviani diz que o movimento em geral no porto de Santos não é político. “A coletividade não tem pretensão política nenhuma.”

Viviani afirma que se o preço do diesel não chegar a R$ 2,50 nas bombas e não houver redução em outros combustíveis a paralisação prosseguirá.

“A gente quer que volte o preço ao normal, de um ano atrás, e não fazer a população pagar o preço [...] Quem vai decidir é o caminhoneiro”, diz.

Além das reduções de preços, o sindicalista cita entre as reivindicações para fim da greve a aprovação do marco regulatório, limite de até 60 pontos por infrações para suspensão nas carteiras de habilitação dos caminhoneiros e diminuição de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para os combustíveis.

O Sopesp afirmou que “apela para o bom senso da liderança do movimento grevista, para que retorne às suas atividades evitando assim o agravamento contínuo da situação”. A Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) diz que atua para garantir o pleno funcionamento do porto e reitera que os acessos marítimos estão em pleno funcionamento e em operação, não havendo restrição. 

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