Democracia não é bagunça. É preciso cumprir a lei, diz Alckmin sobre paralisação de caminhoneiros

Tucano disse ser inaceitável a defesa de intervenção militar

Daniel Carvalho
Brasília

Ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB) classificou nesta terça-feira (29) ser inaceitável movimento que pede uma intervenção militar no país.

Cobrado por correligionários a adotar uma postura mais assertiva em relação à paralisação dos caminhoneiros e pedidos de volta da ditadura, o tucano saiu de reuniões com senadores e deputados tucanos em Brasília fazendo críticas.

“Isso é inaceitável. Ditadura, primeiro, é um desrespeito com os próprios militares, que têm compromisso com a lei e já disseram que esta hipótese não existe. Eles são servidores do país, têm patriotismo e são cumpridores da lei. É uma proposta absurda”, afirmou o tucano, que criticou também, de forma velada seu adversário na disputa Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que integrou o Exército.


“Estes pré-candidatos que flertam com a intervenção militar, com a ditadura, não deveriam nem ser candidatos porque não acreditam no regime democrático e a democracia é o caminho que levou o mundo inteiro a uma vida de renda melhor” disse Alckmin.

O tucano disse defender também o fim da paralisação dos caminhoneiros porque eles já teriam atingido seus objetivos.

“Agora é voltar à normalidade e cumprir a lei. Democracia não é bagunça. É preciso cumprir a lei, respeitar o direito das pessoas.”

Questionado sobre manifestações de parlamentares a respeito da inviabilidade de o presidente Michel Temer concluir seu mandato, Alckmin disse que “isso não tem o menor sentido”.

“Precisamos aprender a respeitar a Constituição brasileira”, disse o presidenciável.

Alckmin disse que, “embora tardiamente”, o governo tomou medidas corretas em relação ao movimento dos caminhoneiros, que, apesar de três anúncios de acordo, já está no nono dia de rodovias obstruídas em todo o país.

Para dar previsibilidade sobre os preços de combustível, Alckmin defendeu reajuste a cada 30 dias em vez de diário e que se use Cide, PIS e Cofins como colchão tributário para compensar a oscilação dos valores.
Ele também defendeu a redução de PIS/Cofins.

“O governo pode e deve reduzir [impostos]. Em julho de 2017, o governo dobrou o PIS/Cofins”, afirmou o ex-governador.

O tucano reuniu-se nesta terça com deputados e senadores tucanos. Apesar de o senador Aécio Neves (MG) ter participado do primeiro encontro, participantes disseram que não houve qualquer decisão sobre a participação ou não do parlamentar mineiro na eleição deste ano.

Ainda mais desgastado após ter se tornado réu na Lava Jato, Aécio tornou-se um dos principais problemas para a candidatura nacional do PSDB.

Mas não é o único: correligionários reclamam também do ritmo lento da campanha de Alckmin, que rebate nas reuniões com o mesmo discurso que faz para fora, de que a eleição só começará, de fato, em agosto. Ele diz aos aliados que está aproveitando este tempo para fazer conversas que podem resultar em alianças.

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