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Dólar acompanha exterior e cai com dado fraco de inflação nos EUA; Bolsa sobe

Petrobras dispara e ganha quase R$ 60 bilhões em valor de mercado só nesta semana; BB cai 3,7%

Dólar cai após três dias de alta e fecha a R$ 3,54
Dólar cai após três dias de alta e fecha a R$ 3,54 - Jose Luis Gonzalez/REUTERS
Danielle Brant
São Paulo

Dados mais fracos de inflação nos Estados Unidos dissiparam parte dos temores de uma aceleração das altas de juros no país e devolveram o dólar ao patamar de R$ 3,54 nesta quinta-feira (10). No mercado acionário, a Petrobras voltou a ter forte valorização e impulsionou a Bolsa brasileira.

O dólar comercial recuou 1,33%, para R$ 3,546. Foi a primeira queda da moeda americana, após três altas seguidas. O dólar à vista, que fecha mais cedo, teve queda de 1,37%, para R$ 3,548.

No mundo, o dólar se enfraqueceu ante 24 das 31 principais moedas do mundo.

A Bolsa brasileira subiu 1,89%, aos 85.861 pontos. O volume negociado foi de R$ 14,9 bilhões —a média diária de maio está em R$ 11,99 bilhões.

O alívio refletiu dados mais fracos de inflação nos Estados Unidos, com preços mais moderados de serviços de saúde compensando os custos crescentes da gasolina e do aluguel, de acordo com dados do Departamento de Trabalho americano. 

Em 12 meses, o índice de preços ao consumidor avança 2,5%, maior alta desde fevereiro de 2017, após subir 2,4% em março.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice subiu 0,1% após dois aumentos mensais seguidos de 0,2%. O núcleo da inflação acumula alta de 2,1% em 12 meses até abril, mesmo patamar de março.

A inflação acompanhada pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), que exclui alimentos e energia, avançou para 1,9% em março, informou na semana passada o Departamento de Comércio americano. A meta de inflação do Fed é de 2%.

Com o dado mais fraco, os rendimentos dos títulos de dívida americana, que bateram 3% nesta quarta, recuaram para 2,97% nesta sessão. 

"O dólar nesse patamar não se sustentava. Parece que esse R$ 3,60 é um patamar psicológico de resistência, mais psicológico do que técnico", afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Para ele, ainda é cedo para os analistas alterarem as projeções para o câmbio.

Leandro Ruschel, sócio-fundador do Grupo L&S, não vê sinal de reversão na tendência de alta do dólar. "Temos o efeito externo, causado por uma política restritiva do Fed, e motivos internos, com as eleições", diz. "Há um alto grau de incerteza, o que gera instabilidade. O dólar é porto seguro para os investidores."

Para ele, a queda desta sessão foi uma correção temporária após uma movimentação muito forte no dólar.

O Banco Central vendeu a oferta de até 8.900 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, já rolou US$ 2,670 bilhões dos US$ 5,650 bilhões que vencem em junho.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) devolveu parte do risco que acumulou nas últimas sessões com a piora no cenário externo. O CDS recuou 5,78%, para 184,9 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados caíram. O DI para julho deste ano recuou de 6,243% para 6,215%. O DI para janeiro de 2019 teve queda de 6,295% para 6,265%.

AÇÕES

Dos 67 papéis do Ibovespa, 53 subiram e 14 caíram.

A maior alta foi registrada pelas ações da Gol, que avançaram 7,17%. Na véspera, os papéis despencaram 9,85% em meio à alta de mais de 3% do petróleo. A Azul, que também teve forte queda na quarta, subiu 3,23%.

A commodity voltou a subir nesta sessão. O barril do Brent, negociado em Londres e referência internacional, se manteve no patamar de US$ 77. O WTI, dos EUA, subiu para US$ 71.

A valorização do petróleo e o resultado positivo da Petrobras no primeiro trimestre do ano fizeram a estatal ganhar R$ 56,3 bilhões em valor de mercado desde a última sexta-feira. 

Nesta sessão, as ações preferenciais da Petrobras subiram 3,91%, para R$ 25,75. Os papéis com direito a voto avançaram 5,95%, para R$ 28,84.

"Tem essa explosão do petróleo, então as ações sobem por reflexo do petróleo e do balanço. A venda de ativos da empresa segue em curso, é um cenário favorável", diz Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.​

No lado negativo, as ações da Sabesp lideraram as baixas, com queda de 6,08%, depois de receber autorização da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia) para reajustar suas tarifas em 3,507%, abaixo do esperado pelo mercado. 

Os papéis do Banco do Brasil recuaram 3,67%. O banco anunciou aumento de 20,3% no lucro no primeiro trimestre e decidiu entrar no negócio das maquininhas. Mas os analistas avaliaram o resultado como abaixo do esperado.

Em relatório, o UBS cita preocupação com a queda na carteira de pequenas e médias empresas, que despencou 29,6% em relação ao primeiro trimestre de 2017.

Ainda no setor financeiro, o Itaú Unibanco subiu 2,73%. As ações preferenciais do Bradesco avançaram 2,01%, e as ordinárias se valorizaram 2,48%. As units —conjunto de ações— do Santander Brasil tiveram ganho de 3,95%.

A mineradora Vale teve ganho de 2,29%, para R$ 51,40.

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