Descrição de chapéu dólar câmbio

Dólar sobe para R$ 3,62 após pesquisa mostrar empate técnico entre Ciro e Marina

É o maior patamar desde abril de 2016; Petrobras tem alta e ajuda Bolsa a fechar estável

Dólar encosta em R$ 3,63 com peso de incerteza política
Dólar encosta em R$ 3,63 com peso de incerteza política - ATTA KENARE /AFP
Danielle Brant
São Paulo

Depois de subir até R$ 3,60 pressionado principalmente por fatores externos, o dólar voltou a reagir às turbulências políticas e terminou a segunda-feira (14) cotado a R$ 3,62, mesmo após o Banco Central ampliar a atuação no câmbio para suavizar a alta da moeda americana.

O dólar comercial subiu 0,77%, para R$ 3,628. É o maior nível desde 7 de abril de 2016, quando a moeda fechou a R$ 3,693.

O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 1,17%, para R$ 3,635.

A Bolsa brasileira fechou praticamente estável, com leve alta de 0,01%, para 85.232 pontos. A alta foi amparada pelas ações da Petrobras, que se valorizaram em dia de aumento dos preços do petróleo e com o início da negociação dos papéis no Nível 2 da Bolsa.

No exterior, o dólar ganhou força ante 17 das 31 principais moedas do mundo.

Nesta segunda, a moeda americana reagiu ao resultado da pesquisa eleitoral CNT/MDA, que mostrou empate técnico entre os pré-candidatos Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).

Marina aparece com 11,2% dos votos, enquanto Ciro surge com 9%, o que configura empate técnico. Na liderança está o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL), com 18,3%. Os cenários não consideram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Quando Lula entra na disputa, ele aparece na primeira colocação, com 32,4% das intenções de voto.

"A alta do dólar mostra esse mal-estar e que o pleito tende a não ser tão simples ou favorável a candidatos pró-mercado", avalia André Perfeito, economista-chefe da economista-chefe da Spinelli Corretora. "As possibilidades de candidatos que levem reformas à frente irem para o segundo turno não são fortes."

Em entrevista, Ciro afirmou que entre suas prioridades estão a apresentação de um desenho de reformas. Ele disse que pretende, nos primeiros seis meses de mandato, realizar uma reforma conjunta fiscal e previdenciária. E que, caso ela não prospere junto ao Congresso Nacional, irá propor um plebiscito ou um referendo.

A alta ocorre mesmo após o Banco Central anunciar, na sexta-feira, que ampliaria a atuação no câmbio para suavizar os movimentos da moeda americana. 

Agora, o BC vai rolar 50,7 mil contratos que vencem em junho e fará um leilão duas horas antes para oferecer 5.000 novos contratos com vencimento em julho. O BC também diminuiu de de 8.900 para 4.225 o volume oferecido no leilão para rolagem dos contratos que vencem em junho.

Nesta sessão, o BC vendeu integralmente a oferta de até 5.000 contratos novos de swaps. E também 4.225 para rolagem dos de junho. Até agora, já rolou US$ 3,326 bilhões dos US$ 5,650 bilhões que vencem em junho.

Por outro lado, não indicou até quando vão durar as intervenções adicionais à rolagem de contratos de swap. "O swap serve para suavizar a alta, para dar uma saída para empresário", diz Perfeito. Ele vê espaço para que o dólar suba até R$ 3,80. "O governo não tem mais boa notícia para dar, o que limita o espaço para queda do dólar."

O Boletim Focus divulgado nesta segunda mostrou que os analistas e casas ouvidos pelo Banco Central reduziram de 2,7% para 2,51% a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) subiu 0,33%, para 185,5 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados subiram. O DI para julho deste ano avançou de 6,220% para 6,232%. O DI para janeiro de 2019 avançou de 6,315% para 6,360%.

AÇÕES

As ações da Petrobras voltaram a ser destaque nesta sessão. A alta do petróleo impulsionou nesta sessão os papéis da estatal, que estrearam no Nível 2 da Bolsa. Alguns analistas também veem impacto positivo do acordo de cessão onerosa com a União, que pode gerar à empresa receitas extraordinárias.

As ações preferenciais subiram 3,14%, para R$ 26,24. As ações ordinárias tiveram valorização de 4,15%, para R$ 30,15.

"Tem um espaço gigante para a empresa corrigir preço, porque ela caiu muito. Mas, daqui a pouco, deve chegar uma realização, embora o viés seja positivo. Estamos bem confiantes com essas ações", afirmou Fabrício Stagliano, analista-chefe da Walpires Corretora.

A mineradora Vale também fechou em alta e manteve o índice estável. Os papéis subiram 3,12%, para R$ 54,27.

Das 67 ações do Ibovespa, 21 subiram e 46 caíram.

A maior alta foi registrada pela Suzano, com avanço de 4,99%. A BRF se valorizou 3,22%.

Depois de subir 15,6% na sexta, a Energias do Brasil liderou as baixas do Ibovespa, ao recuar 10,9%. A queda ocorreu em meio a especulações de que a EDP  Portugal deve rejeitar proposta de € 9,07 bilhões da China Three Gorges.

A Estácio Participações voltou a ter forte queda e recuou 7,45%. A Qualicorp teve desvalorização de 6,32%.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco recuaram 1,5%. Os papéis preferenciais do Bradesco perderam 1,43%, e os ordinários tiveram baixa de 1,73%. O Banco do Brasil recuou 2,49%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil tiveram perda de 0,49%.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.