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Paralisação resiste e governo faz aposta de risco para fraturar movimento

Há um plano emergencial para que a Polícia Rodoviária Federal desocupe as estradas

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Brasília

A resistência dos caminhoneiros grevistas mostra que Michel Temer precisará jogar com o tempo para tentar frear um movimento que, a cada minuto, reforça sua insatisfação com o governo.

Diante de um setor sem liderança clara, o Palácio do Planalto tenta fraturar os grupos que paralisam as estradas há cinco dias. Os ministros sabiam que a assinatura do acordo fechado na quinta-feira (24) não garantiria a desocupação de estradas, mas poderia reduzir a coesão dos motoristas.

A cúpula do governo recebeu informações na manhã desta sexta (25) de que as entidades que participaram do acerto começaram a desmobilizar parte dos caminhoneiros, mas uma boa parcela dos trabalhadores ainda resiste.

O Planalto acredita que, se as organizações que aderiram ao acordo conseguirem enfraquecer parcialmente a paralisação ao longo do fim de semana, será o momento de usar a força.

Há um plano emergencial para que a Polícia Rodoviária Federal desocupe as estradas e para que as Forças Armadas deem proteção a motoristas que estejam dispostos a fazer o abastecimento de combustíveis, alimentos e medicamentos.

Feita por um governo extremamente impopular, a aposta é arriscada. Há um número grande de caminhoneiros autônomos nas ruas, que não respondem às ordens de nenhum líder sindical. Pressionados, eles podem radicalizar.

O ponto crucial dos próximos dias será a variação ou a manutenção do apoio popular ao movimento. A rejeição a Temer pela maior parte dos brasileiros dá fôlego aos grevistas e pode alimentar cada vez mais os grupos resistentes.

Por outro lado, o desabastecimento em postos de combustíveis e supermercados pode fazer com que o vento vire --principalmente se houver a impressão de que os motoristas aceitaram um acordo com o governo, mas continuam protestando.

O Planalto fez uma concessão custosa às entidades que assinaram o acordo na quinta-feira. Caso continue encurralado, poderá ser obrigado a entregar ainda mais. A solução será assinar um decreto com a isenção da cobrança dos tributos PIS e Cofins sobre o diesel.

Se o resultado for esse, o sinal será claro: Temer atravessará os sete meses de mandato que lhe restam sem qualquer poder de negociação.

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