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Guerra comercial pode reduzir crescimento do Brasil em 1,1 ponto percentual, diz estudo

Tensão entre China e EUA leva a deterioração das condições financeiras, afirma banco

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O presidente Donald Trump cumprimenta o líder Xi Jinping em Pequim
O presidente Donald Trump cumprimenta o líder Xi Jinping em Pequim - Andy Wong - 9.nov.17/Associated Press
Daniel Camargos
São Paulo

A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode reduzir o crescimento do PIB brasileiro em 1,1 ponto percentual em 2019, diz estudo do Banco Santander.

A análise “Guerra (comercial) infinita: quais os riscos para o Brasil?” parte da hipótese de elevação de 25% na tarifa média imposta pelos EUA aos produtos chineses e retaliação em igual proporção da China.

“Se acontece uma desaceleração do crescimento da China e dos EUA, estamos falando que a torta [que representa o comércio mundial] vai encolher”, afirma a economista Adriana Dupita, uma das autoras do estudo.

Na projeção do banco, sem a guerra comercial o PIB brasileiro cresceria 3,2% em em 2018 e 3,2% em 2019. Com o choque entre Estados Unidos e China, o crescimento seria de 2,8% em 2018 e 2,1% em 2019.

“Mesmo assumindo um choque significativo sobre as tarifas, os resultados sugerem que o efeito total sobre o crescimento brasileiro, embora longe de ser irrelevante, não é suficiente para reverter a recuperação econômica em curso”, afirma o relatório do banco.

O maior impacto, diz o estudo, seria da piora nas condições financeiras. 

Para mensurar o estrago, a projeção foi dividida em dois estágios.

O primeiro considerou a redução no comércio global diante da elevação em 25% das tarifas pelas duas superpotências, considerando diversos fatores, entre eles, o índice de volatilidade do mercado financeiro internacional (VIX da Bolsa de Chicago). 

O segundo estágio levou em conta também o PIB brasileiro, a taxa real de juros e o índice de confiança do consumidor.

A economista do Santander explica que a guerra comercial leva a deterioração nas condições financeiras internacionais, o que, por sua vez, aumenta a aversão ao risco e isso prejudica os mercados emergentes, como o Brasil.

“O aumento da aversão ao risco leva ao aumento da taxa de juros internacional e investidores deixam de investir em mercados emergentes passando a apostar em ativos de menor risco, como títulos do tesouro americano”, diz Dupita.

De acordo com a análise, o aumento de 25% na tarifa bilateral entre EUA e China sobre todos os produtos reduziria o crescimento do comércio global em 1,3 ponto percentual em 2018 e 7,6 pontos percentuais em 2019.

Os preços das commodities iriam cair 2,5% em 2018 e 15% em 2019, o que afetaria diretamente o Brasil.
Para o economista Fabio Silveira da consultoria MacroSector, em uma disputa comercial entre China e Estados Unidos os preços globais dos produtos atingidos sobem em um primeiro momento, mas caem meses depois.

“Em um segundo momento [segundo semestre de 2018], tal majoração de preços tende a derrubar a competitividade e o volume de transações desses produtos em escala mundial, enfraquecendo a corrente de comércio”, afirma.

O efeito, segundo Silveira, é a desvalorização dos produtos tarifados levando as cotações a níveis médios menores que os vigentes em 2017.

“Definitivamente, essa guerra comercial não será benéfica para os exportadores nacionais”, afirma o economista.

O Santander aponta que o principal risco para exportações brasileiras é a redução do ritmo de crescimento da China nos próximos anos.

Caso isso ocorra, pode haver a diminuição dos preços das commodities (responsável por 60% das exportações brasileiras) e contagiar outros países da América Latina, que dependem muito das vendas para o gigante asiático.

Juntas, China (22%) e América Latina (19%) representam quase metade das exportações brasileiras.

O estudo do Santander conclui que, para cada 1 ponto percentual de redução do crescimento da China, as exportações brasileiras podem cair 3% pela combinação de menor preço e menor quantidade exportada.

Porém, como as exportações têm peso baixo no PIB (12%), a queda levaria a um impacto pequeno sobre o crescimento brasileiro. 

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