Maia pressiona governo a zerar PIS/Cofins de diesel por conta própria

Presidente da Câmara admitiu ter errado cálculo de frustração de receita com projeto aprovado na quarta (23)

Rodrigo Maia durante evento em Niteroi, no Rio de Janeiro, em maio de 2018 - REUTERS
Daniel Carvalho Talita Fernandes
Brasília

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reconheceu que o impacto de zerar as alíquotas de PIS/Cofins é bem maior que aquele que havia estimado, mas passou a pressionar o governo de Michel Temer a promover por conta própria a isenção total dos tributos.

Na noite de quarta-feira (23), Câmara e Planalto defendiam valores diferentes de frustração de receitas com a aprovação da medida. Para Maia, era um impacto de cerca de R$ 4 bilhões. Para o governo, aproximados R$ 10 bilhões.

“De fato a minha conta dos R$ 4 bi está mais distante. Parece que é mais para R$ 8 bilhões, R$ 9 bilhões", reconheceu Maia à Folha nesta quinta-feira (24).

No entanto, para não perder protagonismo, o presidente da Câmara e pré-candidato à Presidência da República passou a defender que Temer zere de imediato as alíquotas por conta própria.

Maia argumenta que uma lei de 2004 permite que o Executivo reduza essas alíquotas, pois apenas estabelece um teto para os impostos.

Além disso, o presidente da Câmara diz que o governo aumentou, em julho de 2017, o valor do litro de diesel de R$ 0,29 para R$ 0,46; da gasolina de R$ 0,46 para R$ 0,79; e do etanol de R$ 0,12 para R$ 0,24.

Isso, pelas contas feitas por Maia, deve garantir uma arrecadação extra, até julho deste ano, na ordem de R$ 20 bilhões.

Além disso, Rodrigo Maia pondera que, com o aumento do preço do petróleo, o governo deve arrecadar extra com royalties, participação especial e bônus de R$ 12 bilhões a R$ 14 bilhões.

O presidente da Câmara diz ainda que o governo terá em seus cofres outros R$ 2 bilhões ou R$ 3 bilhões com o projeto aprovado na Casa e que agora está no Senado para ser votado.

"Será que o governo não pode zerar o diesel de forma transitória? Via decreto, deveria já voltar, no diesel, alíquota de julho de 2017", disse Maia.

"Houve um aumento brutal no ano passado do PIS/Cofins do combustível e tem um excesso de arrecadação do petróleo, dos royalties. O governo tem que pegar isso tudo e devolver para a sociedade. O preço do combustível impacta a vida das pessoas", afirmou o presidente da Câmara.

Com a crise da alta de preços dos combustíveis, agravada a partir de segunda-feira (21), quando começou a greve dos caminhoneiros, Maia tomou para si a condução da busca de uma solução.

Diante da apatia do governo, uniu-se ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e anunciou uma comissão conjunta para tratar do assunto.

O governo, então, começou a se mexer e anunciou que publicaria um decreto —que ainda não saiu- zerando a Cide. Condicionou a edição da medida à aprovação do projeto de reoneração de setores da economia.

Sem ver um recuo do movimento grevista, o Planalto viu a Petrobras anunciar redução de 10% no preço do diesel, por 15 dias.

Maia votaria a proposta de reoneração apenas na semana que vem, mas antecipou seu calendário e aprovou o texto, simbolicamente, na noite de quarta, incluindo isenção de PIS/Pasep para diesel até o final do ano.

O projeto foi para o Senado que, segundo Eunício, só deve apreciar o texto em duas semanas.

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