Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Mesmo com aceno do governo, caminhoneiros na Régis mantêm protesto

Anúncios foram considerados insuficientes por manifestantes ouvidos pela Folha

Rodrigo Borges Delfim
São Paulo

Apesar das medidas anunciadas pelo governo federal para resolver a paralisação dos caminhoneiros, manifestantes ouvidos pela Folha não deram sinais de desmobilização e devem continuar o protesto.

Acompanhe aqui atualizações ao vivo dos protestos.

A Folha esteve na madrugada desta segunda-feira (28) entre os km 276 e km 280 da rodovia Régis Bittencourt, na região de Embu das Artes, onde centenas de caminhões estão parados no acostamento nos dois sentidos da via.

Há outros três pontos de concentração de caminhoneiros, sendo dois no trecho paulista da rodovia (regiões de Jacupiranga e Miracatu) e um no estado do Paraná (Campina Grande do Sul). Pelo menos no trecho visitado pela Folha, o trânsito é normal e não há interdições de pista. Veículos com cargas especiais, como animais e medicamentos, são liberados pelos manifestantes para prosseguir viagem.

Fila de caminhões durante greve de caminhoneiros da rodovia Régis Bittencourt, próximo a Embu das Artes
Fila de caminhões durante greve de caminhoneiros da rodovia Régis Bittencourt, próximo a Embu das Artes - Folhapress

"Queremos um combustível mais acessível para todos, uma tabela para os fretes, melhores condições para trabalhar. Estamos nos sacrificando por um país melhor", afirma o caminhoneiro que se apresentou como Beto Pânico, 38, que trabalha com caminhões há 20 anos e está na manifestação desde o dia 21.

Para ele e outros caminhoneiros, que assistiram ao pronunciamento do presidente Michel Temer, os anúncios são insuficientes para atender de forma satisfatória os caminhoneiros, em sua maioria autônomos. Eles se queixam dos custos elevados de transporte, incluindo combustível, pedágio e manutenção dos veículos, que mal são cobertos pelos fretes. "Se tivermos algo que realmente faça diferença, eles [os caminhoneiros] vão saindo naturalmente", resume.

Em outro grupo de manifestantes no trecho, o caminhoneiro Felipe Wesley, que se juntou ao protesto na última terça (22), também considerou insuficientes os anúncios do governo federal. "Não adianta apenas 60 dias sem reajuste. Temos de parar mesmo para que o preço do combustível baixe de fato."

Um posto de gasolina no trecho, no sentido Curitiba, serve como ponto de apoio para os caminhoneiros. Eles contam que moradores e empresas da região levam doações e disponibilizam banheiros para higiene pessoal dos manifestantes.

A opinião dos caminhoneiros na Régis Bittencourt, no entanto, contrasta com a do presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes. Ele disse que o assunto "estava definido", após o anúncio das medidas provisórias editadas pelo governo federal.

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