Descrição de chapéu obituário

Morre o economista Fernando Cardim de Carvalho

Cardim tinha 64 anos e era considerado referência no pós-keynesianismo no Brasil

O economista Fernando Cardim no Rio
O economista Fernando Cardim no Rio - Marco Antonio Rezende - 22.nov.2010/Folhapress
São Paulo

Morreu na madrugada de quarta-feira (16) o economista Fernando José Cardim de Carvalho, aos 64 anos, na cidade de Cascais (Portugal), onde morava. 

Segundo familiares, ele enfrentava um câncer agressivo.

Referência do pós-keynesianismo no Brasil, Cardim era professor emérito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Foi pesquisador sênior do Levy Economics Institute, do Bard College, em Nova York, e da UFF (Universidade Federal Fluminense).

Os pós-keynesianos retomam a obra do britânico John Maynard Keynes, que, em linhas gerais, diz que economias de mercado não tendem, espontaneamente, ao equilíbrio com pleno emprego e precisam da intervenção do governo para impulsionar o crescimento.

O economista se dedicava às discussões sobre moeda e sistemas financeiros —estes, em sua visão, têm papel ambíguo: podem expandir crescimento, mas também geram crises.

Cardim foi consultor de instituições como Banco Central, BNDES e Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe). Era também editor associado do Journal of Post Keynesian Economics.
Cardim se formou em economia pela USP em 1975.

Concluiu o mestrado pela Unicamp em 1978 e o doutorado, também em economia, pela Universidade Rutgers, de Nova Jersey (EUA).

 Segundo Luiz Fernando de Paula, professor titular da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Cardim foi, entre os heterodoxos (linha constituída por abordagens não hegemônicas no meio acadêmico), um dos pioneiros a publicar no exterior, estimulando outros economistas a buscar inserção internacional.

Em entrevista ao Valor Econômico no início de 2016, Cardim disse que a presença de heterodoxias no Brasil, em especial a keynesiana, indicaria que o grupo conseguiu superar o isolamento a que é submetido em outros países.

“Numa economia cada vez mais especializada, ele era um grande intelectual”, diz Paula.

Entre seus livros, um dos mais importantes é “Mr. Keynes and The Post Keynesians, publicado em 1992. 
Cardim deixa mulher, um filho e dois netos.

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