'Não é locaute e o movimento irá continuar', diz líder dos caminhoneiros autônomos do Rio

Isac de Oliveira afirma que o movimento no estado não tem apoio do patronato

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Caminhoneiros bloqueiam o rodoanel Mário Covas entre a rodovia Anchieta e rodovia dos Imigrantes, nesta quinta (24) - Danilo Verpa/Folhapress
Rio de Janeiro

Os caminhoneiros que participam dos protestos contra o preço do diesel no Rio decidiram manter o movimento a despeito do acordo firmado na noite de quinta-feira (24) em Brasília entre o governo federal e a categoria. 

Segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Niterói e São Gonçalo, Isac de Oliveira, o movimento no estado do Rio não tem apoio do patronato. 

Segundo ele, os caminhoneiros no Rio são majoritariamente autônomos e a categoria conta com 80 mil afiliados. Oliveira explica que no modelo autônomo, os caminhoneiros são os donos do caminhão e pagam seu próprio combustível. O protesto ocorre porque o preço do frete tem caído, enquanto o óleo diesel só aumenta.

O sindicalista rechaçou que o movimento seja do patronato —no caso das empresas de transporte— e negou ser um locaute, que é quando trabalhadores dos transportes paralisam as atividades atendendo aos interesses dos patrões.

"Aqui não tem empresa por trás, não. No Rio, a maior parte dos que paralisaram são autônomos. Frete baixo e diesel alto não combinam. Só aceitamos sair das ruas depois que o imposto zerar. Não é locaute e o movimento irá continuar", diz ele. 

Oliveira está desde o início do movimento, na madrugada de domingo (20), com seu caminhão no acostamento da BR-101, no trecho próximo da cidade de Magé, Baixada Fluminense. 

Nesta sexta-feira (25), há cerca de 200 caminhões no mesmo local. Os caminhoneiros decidiram que ali não haveria mais bloqueios, mas que não sairiam do local com o acordo firmado na noite de quinta em Brasília. 

"Já não estávamos trabalhando mesmo porque não compensava. Vamos ficar aqui até isso ser resolvido", disse. 

O Rio tem mobilização de caminhoneiros em vários pontos. Ainda na BR-101, há protestos perto de Itaboraí, região metropolitana. Além disso, na BR-040, está montando um piquete na porta da refinaria Reduc, da Petrobras, no município de Duque de Caxias. Na BR-393, há caminhões parados de Sapucaia até Volta Redonda, no sul do estado, quase na divisa com São Paulo.

O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Volta Redonda e Região Sul Fluminense, Francisco Wilde Bittencourt Ferreira, classificou a negociação com o governo federal de "farsa". 

De acordo com ele, que desde quinta em Brasília, o governo não incluiu todos os representantes da categoria na mesa de negociação. "O governo só chamou as pessoas que interessava a ele para discutir o acordo. Quando soubemos da reunião, viemos para participar, mas não permitiram que assistíssemos a reunião. Quem assinou ontem o acordo com o governo federal não representa toda a categoria", disse ele. 

Segundo Ferreira, o governo deixou de fora, por exemplo, os caminhoneiros autônomos. Eles só estariam dispostos a deixar as ruas quando o governo retirasse em definitivo os impostos incidentes no óleo diesel. 

Os caminhoneiros que lideram o movimento no Estado do Rio, no entanto, afirmaram que acharam bom o acordo fechado também nesta quinta-feira (24) com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), de redução de 4 pontos percentuais a alíquota do ICMS sobre o diesel. 

Eles afirmam, no entanto, que não é suficiente para desmobilizar o movimento. "Só vamos sair da rua quando a alíquota de PIS/Confins for a zero", diz Oliveira, do sindicato de Niterói e São Gonçalo.
Enquanto os caminhoneiros vivem a indefinição dos rumos da mobilização, algumas orientações estão sendo passadas à categoria. 

Nesta quinta-feira, o Rio de Janeiro obteve uma liminar na Justiça que determina o fim dos bloqueios e autoriza, inclusive, o uso de força militar na dispersão dos protestos. 

"Estamos parados nos acostamentos, sem fazer qualquer tipo de bloqueio. A orientação é que se tiver intervenção policial, que todos fechem os caminhões e se afastem. Eles [as autoridades] não têm como rebocar 200 caminhões de uma vez. Eles não teriam o que fazer", disse Ferreira, do sindicato do Sul Fluminense.  
 

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