Odebrecht prevê captar até R$ 13 bi em novos projetos em 2018

Empreiteira viu sua carteira de projetos despencar mais da metade desde o final de 2014

Sede da Odebrecht em São Paulo - Nacho Doce-9.abr.2018/Reuters
São Paulo | Reuters

A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), empreiteira do grupo Odebrecht, prevê ampliar sua carteira de projetos em até R$ 13 bilhões em 2018, o que pode facilitar conversas com credores sobre uma recente dívida de R$ 500 milhões, disse um executivo da companhia à agência Reuters.

"A empresa está se movimentando para voltar a repor sua carteira de projetos", disse o diretor de infraestrutura da Odebrecht no Brasil, José Eduardo de Sousa Quintella.

A companhia assinou na semana passada um contrato de R$ 2,1 bilhões para construir um porto privado no norte do Espírito Santo. Além disso, afirmou ter vencido um leilão para um projeto de mobilidade urbana de 385 milhões de reais no Pará.

O empreendimento no Pará foi a segunda licitação pública vencida pela OEC em 2018 no país. Em abril, a empresa tinha fechado contrato com Furnas para transformar a usina Termelétrica de Santa Cruz (RJ) em ciclo combinado, usando turbinas a gás existentes e gás natural.

No Brasil, a OEC estima obter novos contratos no valor de R$ 2,5 bilhões ainda neste ano, incluindo licitações públicas e contratos com clientes privados.

No exterior, a OEC entrou numa fase adiantada de uma concorrência na Tanzânia, no leste da África, para construção de uma hidrelétrica, num projeto avaliado em cerca de R$ 10,5 bilhões.

"Estamos numa 'short list' com mais um concorrente e o resultado pode sair logo", disse Quintella, sem estimar quando o governo da Tanzânia pode fazer anúncio oficial do vencedor do contrato.

Com a combinação de crise econômica em vários dos mercado em que a empresa opera e pelos desdobramentos dos escândalos descobertos pela operação Lava Jato, a OEC viu sua carteira de projetos despencar mais da metade desde o final de 2014, para os cerca de US$ 14 bilhões atualmente.

O número de empregados da empreiteira diminuiu de 75 mil para os atuais 24 mil desde o fim de 2016.

Desde que assinou acordo com autoridades de Brasil, Estados Unidos e Suíça no fim de 2016, em meio a denúncias de pagamento de propinas para vencer contratos, a OEC vem também buscando acordos individuais com 12 países na América Latina para tentar voltar a ficar apta para concorrer em licitações públicas nesses mercados.

"No Brasil não temos nenhuma restrição para assinar novos contratos públicos", afirmou Quintella.

O esforço da companhia para recompor sua carteira de pedidos acontece num momento em que negocia com bancos sobre uma dívida de R$ 500 milhões, vencida no fim de abril, e que agora está num período de carência de 30 dias.

A empresa tem uma dívida total estimada em cerca de R$ 76 bilhões.

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