Ifood e outros serviços de delivery pela internet têm dificuldade para atender pedidos em alta

Serviços apontam aumento de demanda de até 40%

Filipe Oliveira
São Paulo

Empresas que oferecem serviços de entregas a partir da internet viram sua demanda aumentar até 40% em consequência da paralisação dos caminhoneiros, que fez muitos consumidores ficarem em casa para não gastar gasolina.

Por outro lado, os entregadores que prestam serviços para essas empresas sofrem com a mesma dificuldade que muitos de seus clientes, a falta de combustível, , o que impede um aumento de faturamento robusto.

Em nota, o  iFood informa que, por conta das mobilizações recentes em todo o Brasil, o serviço de entrega vem sendo comprometido em algumas regiões.

A empresa disse lamentar que alguns usuários tenham sido afetados e ressalta que está atuando para que o menor número possível de pessoas seja impactado neste momento.

O desafio é o mesmo de uma série de novas empresas que buscam crescer no mercado de entregas.

A startup Supermercado Now, que usa entregadores autônomos para adquirir produtos e levar compras para consumidores, teve seu recorde de vendas na última quinta (24). O resultado ficou 40% acima da média.

Marco Zolet, sócio da empresa, diz que a companhia se beneficiou naquele dia das primeiras notícias sobre dificuldade de abastecimento e das promoções que as redes varejistas fazem quando se aproxima o final do mês.

Por outro lado, o bom desempenho não foi mantido conforme o combustível dos entregadores foi diminuindo. Agora, ele diz contar com apenas 40% deles.

Zolet diz que, para se ajustar à situação, foi preciso restringir o atendimento da empresa a áreas em que há um adensamento maior de clientes e onde se tem menos trânsito, evitando assim desperdício de gasolina durante as entregas.

A empresa também está dando incentivos financeiros para os entregadores, como forma de compensar a gasolina mais cara e difícil de encontrar que estão comprando, conta Zolet.

Ele diz acreditar que, quando a situação voltar ao normal, será possível chamar o cliente que não foi atendido nos últimos dias e ter uma segunda chance de conquistá-lo.

"Eles vão estar ainda mais desabastecidos e com ainda menos tempo para ir ao supermercado, por isso pode testar nosso serviço", diz.

A empresa Apptite, que permite a compra de comida caseira feita por cozinheiros autônomos via aplicativo, teve aumento de procura de 25% nos últimos dias, porém entregou menos do que o habitual, conta o sócio Guilherme Parente.

Para lidar com a falta de combustível, a empresa combinou um revezamento entre os motoboys que a atendem. Parte trabalhou exclusivamente de noite e outra apenas no almoço.

O problema é que, como menos entregadores estão disponíveis, o tempo de entrega da empresa aumentou e pratos que chegariam em uma hora passaram a ser entregues em duas, explica Parente.

Com isso, a companhia está entregando cerca de 80 refeições por dia, em vez das habituais 150.

Como alternativa para sofrer menos, a startup passou a usar também serviços de bicicletas, o que Parente diz que será mantido após o fim da turbulência.


Celso Misaki, fundador da LocalChef, do mesmo segmento, também identificou o aumento de procura, com saldo final da semana negativo.

Ele explica que a companhia usa serviço de um aplicativo para chamadas de motoboy para garantir a entrega da comida feita pelos cozinheiros de sua plataforma. Porém, como o tempo para atendimento das entregas estava muito alto, decidiu deixar de atender pedidos de pronta-entrega que não fossem para regiões onde é possível levar a comida de bicicleta.

Outra empresa que faz entregas, a James Delivery, conseguiu aproveitar o aumento de 10% na demanda justamente por ter uma frota de entregadores formada principalmente por quem anda de bicicleta, conta o sócio Lucas Ceschin.

Segundo ele, os entregadores da empresa que usam moto se organizaram para compartilhar informações sobre postos de gasolina com combustível disponível.

O serviço, que permite a clientes pedirem que entregadores autônomos comprem itens em qualquer loja, funciona em Curitiba e Balneário Camboriú (SC).

O Rapiddo Entregas, empresa que oferece serviço de motoboy a partir de app,  disse em nota que passa por instabilidade temporária em algumas regiões devido à crise de combustível que afeta todo o país. No entanto a empresa segue operando normalmente com serviços de entrega administrativa e delivery e está agindo para que impacte de forma minima em todos os seus respectivos clientes.

Já a Loggi, concorrente da startup, disse que não iria comentar o tema.

A reportagem entrou em contato com a Uber Eats, mas não teve retorno até a publicação do texto. 
 

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