Petrobras não sobe, e Bolsa fecha em menor nível desde janeiro; dólar avança

Dólar vai para R$ 3,669, mas acumula queda na semana com intervenção do BC

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, durante cerimônia em Brasília com Michel Temer
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, durante cerimônia em Brasília com Michel Temer - Ueslei Marcelino - 31.jan.18/Reuters
 
São Paulo

A Bolsa brasileira caiu pelo terceiro dia seguido e perdeu o patamar dos 80 mil pontos nesta sexta-feira (25), em meio a incertezas no país sobre os rumos da paralisação de caminhoneiros, intensificadas por um tom negativo no exterior.

O Ibovespa, índice que reúne as ações de maior liquidez, recuou 1,53%, para 78.897,66 pontos, menor patamar desde 10 de janeiro. O giro financeiro foi de R$ 12,3 bilhões. Na semana, o índice acumula queda de 5% e, no mês, de 8,38%. No ano, porém, a Bolsa ainda sobe 3,27%.

O dólar comercial avançou 0,54%, para R$ 3,669, impactado pela aversão ao risco, mas ainda alinhado com a valorização da moeda americana frente a outras divisas. O dólar à vista subiu 0,66%, cotado a R$ 3,661.

Em semana marcada por intervenção mais forte do Banco Central no câmbio, a moeda caiu 2,23%. No ano, no entanto, ainda sobe 10,53%.

Apesar de o governo ter anunciado na noite de quinta (24) um acordo com representantes dos caminhoneiros para suspender o movimento por 15 dias, a sexta seguiu com manifestações por todo o país.

Tampouco animou os investidores a garantia que a equipe econômica deu de que não haverá prejuízos à Petrobras para que os reajustes da petroleira nas refinarias sejam repassados mensalmente, e não mais diariamente.

As ações da estatal, que chegaram a abrir em alta de 4%, foram se deteriorando ao longo do dia. Os papéis preferenciais recuaram 1,39%, enquanto os ordinários caíram 0,73%. As ADRs (depósitos de ação negociados nos Estados Unidos) perderam 1,33%. 

"Há incertezas aqui dentro sobre o que o governo vai conseguir fazer, o que vão tirar da cartola para solucionar o problema com os caminhoneiros. O trato não convenceu nem investidores nem caminhoneiros", diz Lucas Claro, analista da Ativa Investimentos.

Os investidores temem ainda uma eventual nova interferência governamental na companhia e rumores de uma possível saída do presidente da empresa, Pedro Parente, não se dissiparam por completo.

"Ele é competente e a nova política de preços vinha ajudando muito a empresa. Se ele saísse hoje da Petrobras, seria um baque enorme. Esse é um dos temores, de que o que o governo possa fazê-lo renunciar", diz Claro.

As turbulências locais foram agravadas por um cenário exterior desfavorável. 

O Dow Jones, principal índice de Nova York, e o S&P 500 caíram 0,24%. 

Os principais índices dos Estados Unidos foram impactados pela queda nos preços do petróleo, após a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a Rússia anunciarem que aumentariam a produção.

O petróleo Brent, referência internacional, fechou em queda de 3% nesta sexta, a US$ 76,44. O barril teve desvalorização de 2,6% na semana, a primeira desde a de 6 de abril. 

Na Europa, o elevado risco de uma eleição antecipada na Espanha ampliou a ansiedade política dos investidores, que já estavam abalados com os planos do novo governo italiano de aumentar os gastos fiscais.

O índice espanhol perdeu 1,7% com os bancos sendo os principais afetados, enquanto o índice da Itália caiu para mínimas de sete semanas, em recuou de 1,5%. 

AÇÕES

Das 67 ações do Ibovespa, 57 caíram, nove subiram e uma ficou estável. 

As perdas foram lideradas pelas siderúrgicas, na esteira da queda do minério de ferro na China.

A Usiminas caiu 6,15%, a CSN recuou 5% e a Gerdau perdeu 4,17%.

Dados de fluxo continuaram mostrando saída de estrangeiros da Bolsa, com o saldo negativo em maio acumulado até o dia 23 alcançando quase R$ 4 bilhões.

"O mercado está muito sensível, todo mundo fica procurando um porto seguro. Vemos o pessoal saindo da Bolsa, comprando dólar futuro para não perder nessa conversão. O investidor procura seu casulo", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

O CDS (credit default swap, termômetro do risco-país), que vinha caindo desde segunda, subiu 0,85% na quinta e agora 1,07%, nesta sexta, para 192,574 pontos.

Com a Reuters

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