Petróleo vai continuar em alta, diz especialista

Consumo atual é maior do que a produção, o que pressiona a cotação, afirma pesquisador dos EUA

SAN DIEGO (ESTADOS UNIDOS) e Rio de Janeiro

O mercado global de petróleo continua pressionado, e as cotações subirão ainda mais neste ano, ampliando a pressão de consumidores por ações governamentais para conter os preços dos combustíveis.

A avaliação é do pesquisador Mikkal Herberg, especialista em petróleo que dirige a área de pesquisa sobre energia da Agência Nacional de Pesquisa sobre a Ásia, baseada em Seattle, nos EUA.

"Os preços ainda serão pressionados para cima", diz ele, prevendo que até o fim do ano a marca dos US$ 85 por barril será atingida. Nesta terça (22), o petróleo do tipo Brent era cotado na faixa de US$ 80.

A escalada recente das cotações é responsável pela alta nos preços dos combustíveis no Brasil, que vem gerando reações no governo e temor de intervenção na política comercial da Petrobras.

Nos EUA, o preço da gasolina aumentou 22% no último, o que também começa a gerar insatisfação junto aos consumidores às vésperas da chamada "driving season" --temporada de férias de verão, quando o consumo do combustível aumenta.

A alta do diesel em um ano é de 29%, segundo a Agência de Informações em Energia (EIA, na sigla em inglês).

Herberg diz que, atualmente, o consumo mundial está na casa de 99,3 milhões de barris por dia, enquanto a produção se situa próxima dos 98 milhões de barris, o que tem consumido estoques mundiais e pressionado os preços.

O balanço continuará desfavorável no curto prazo, diz, citando fatores como os riscos geopolíticos, principalmente no Oriente Médio, as sanções ao Irã e a queda na produção venezuelana.

Além disso, há restrições para o aumento da produção na maior bacia dos EUA, na região oeste do Texas, devido a gargalos de infraestrutura.

Herberg estima que a crise da Venezuela e possíveis cortes nas exportações iranianas podem tirar entre 1,2 milhão e 2 milhões de barris por dia do mercado, ampliando a diferença entre oferta e demanda.

Diz que, dependendo do ritmo de queda da produção venezuelana, as cotações internacionais podem chegar até os US$ 90 por barril, com potencial para intervenções no mercado por países detentores de reservas estratégicas.

Na segunda (21), o diretor da Agência Internacional de Energia, Keisuke Samagori, disse à agência S&P Platts que a entidade estaria "pronta para agir" para manter o mercado abastecido.

"Não me surpreenderia se Donald Trump decidisse mexer nas reservas estratégicas do país para baixar o preço."

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