Presidente da Câmara diz que política de preços da Petrobras tem que sofrer ajuste

Rodrigo Maia também afirmou que o governo errou ao garantir descontos de 10% por mais 15 dias

Rodrigo Maia durante evento em Niterói (RJ), no começo de maio - REUTERS
Ranier Bragon
Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), afirmou nesta sexta-feira (25) que a política de preços de combustíveis da Petrobras precisa passar por ajuste para evitar aumentos diários e sucessivos em períodos de alta acentuada do petróleo.

Congressistas têm defendido a demissão do presidente da estatal, Pedro Parente. Maia afirma confiar no executivo e disse acreditar que ele terá bom senso de entender que é preciso construir uma regra em que nem a Petrobras saia prejudicada nem a sociedade seja submetida a "essa instabilidade permanente".

Maia também afirmou que o governo errou ao garantir descontos de 10% por mais 15 dias –além dos 15 anunciados pela Petrobras. Segundo ele, uma forma mais efetiva seria a redução dos impostos regulatórios.

FOLHA - O sr. acha que a Petrobras deve mudar a sua política de preços?

RODRIGO MAIA - Não acho que tenha que ter interferência do governo, acho que o governo tem que usar os impostos regulatórios para agir, como é o caso do Cide e do PIS/Cofins. Acho que a decisão do governo de congelar preços, de fazer convênio com a Petrobras, está errada, o correto é reduzir impostos.

O sr. concorda com os aumentos diários do combustível?

Isso está errado, a Petrobras pode mudar. Não significa interferência no preço dela. Ela não deveria todo dia transferir o preço do aumento do câmbio, da desvalorização do câmbio pro preço. É uma questão de organização da política da Petrobras, não é uma interferência na política da Petrobras, são coisas diferentes. E a forma que o governo tem de compensar o aumento do preço do petróleo para a sociedade, de amortecer o aumento do preço, a partir de um certo momento, certamente é por meio dos impostos regulatórios, por isso que existem faixas para eles. Inclusive, o Michel pode, por decreto, zerar o PIS/Cofins. Da mesma forma que ele aumentou 100% em julho do ano passado o PIS/Cofins do etanol, da gasolina e do diesel, ele poderia reduzir isso.

Parlamentares estão defendendo a demissão do Pedro Parente. Qual a posição do sr.?

É um dos grandes quadros, dos grandes gestores que já passaram pelo governo e pela Petrobras. Acredito que ele tem capacidade de manter a política na Petrobras. Confio nele, não acho que ele é o problema. Agora, essa política, que está gerando instabilidade e insegurança, está somada a um aumento permanente do preço do petróleo. E um erro que acho, talvez, é que eles também estão incluindo a valorização cambial. Mas acho que ele tem condição de organizar isso. Não vejo a saída dele como solução para o problema. Nas funções que exerceu, ele sempre mostrou ser um cara muito ponderado, inclusive na crise da energia, que ele coordenou. Acho que ele acredita, e quando a gente acredita as vezes a gente pode errar, mas acho que ele tem muito bom senso de entender que talvez não a política de mercado livre, mas a forma como transfere isso para a sociedade, pode ser construída uma regra em que a Petrobras não saia prejudicada, mas a sociedade não tenha essa instabilidade permanente.

Seria um ajuste na política de preços?

Acredito que sim. Não interferir no preço, não congelar preços, mas ela pode fazer... O próprio câmbio tem ajuste. O próprio Banco Central deixa o câmbio livre, mas em momentos de muita oscilação ele entra, não é isso? Então, em momentos de oscilação, a Petrobras entrar não tem problema nenhum. Acho, por exemplo, que esse acordo, a decisão do governo de congelar por 30 dias, como fez, é errado, acho muito mais fácil reduzir os impostos regulatórios. Estão querendo transformar o PIS/Cofins em uma nova CPMF. 

O acordo da noite de quinta não surtiu efeito, a que o sr. atribui isso.

Esse mercado é muito pulverizado. Claro que vai chegar o momento que vai começar a atingir serviços essenciais e essa curva de apoio vai acabar virando. Até falei para eles [caminhoneiros] nesse semana: cuidado, porque o radicalismo sempre perde. Carregar uma posição extremada sempre pede no final. Chega uma hora em que faltar oxigênio nos hospitais, por exemplo, a sociedade vai começar a virar contra. Então tudo o que extremado é ruim.

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