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Rádios do interior se reinventam com tecnologia de streaming

Emissoras de cidades menores passam a competir pela audiência com as das capitais

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Belisa Figueiró
São Paulo

O streaming (transmissão via internet) está mudando a maneira de ouvir rádio e as fontes de receita das emissoras até em cidades com menos de 50 mil habitantes.

Com a popularização dos celulares, a entrada das rádios FM ficou mais abrangente e os smartphones com acesso à internet agora dão uma virada definitiva no setor.

Emissoras no interior passam a competir pela audiência das rádios das capitais. Por exemplo a Liberal FM de Dracena, a 630 km de São Paulo. 

Segundo Luiz Antônio Jacon, 53, gerente da rádio, isso só foi possível depois que ele melhorou a qualidade do streaming, usando o aplicativo MobiAbert, gratuito.

“O ouvinte está mais exigente. Quem é da cidade vai continuar acompanhando a rádio, tem assuntos locais que interessam. Mas o de fora precisa de um atrativo a mais”, diz.

A nitidez do som e a quase inexistência de delay entre a transmissão em FM e a da internet é o que ele caracteriza como trunfos da rádio, que tem ouvintes na capital e até em outros países.

Desde que começaram a surgir empresas brasileiras que oferecem a tecnologia do streaming, Jacon conta que esperava uma oportunidade. O custo para implementação, porém, era proibitivo. 

Assim como a rádio de Dracena, outras pequenas esbarravam na mesma dificuldade.

Fernando Pereira, um dos locutores da Rádio Liberal FM, de Dracena, no interior de SP
Fernando Pereira, um dos locutores da Rádio Liberal FM, de Dracena, no interior de SP - Divulgação

Em 2015, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV) criou um aplicativo gratuito para tentar incluir essas rádios de pequeno porte. Hoje, segundo a entidade, já são 2.500 participantes, em todo o Brasil. O MobiAbert pode ser acessado em qualquer celular ou tablet, também gratuito para os ouvintes.

A empresa de tecnologia que viabilizou o aplicativo é a Access, de Curitiba, que se especializou em gestão de emissoras de rádio. De acordo com a diretora, Malu Villela, 49, a inspiração veio do TuneIn, aplicativo que reúne emissoras do mundo todo.

“As novas gerações não ouvem mais o rádio convencional, só no carro. É uma mudança sem volta”, reforça ela. A Access contabiliza mais de 9 milhões de downloads do aplicativo, desde o fim de 2015. 

Para tornar o projeto mais eficaz, a Abert também ofereceu tecnologia de ponta para a transmissão ao vivo pela internet. A startup parceira escolhida para fornecer o streaming foi a Ciclano, que tem sede em Santa Maria (RS). Com adesão gratuita e mensalidade de R$ 27,93 após seis meses, a empresa permitiu que as emissoras atingissem boa qualidade a baixo custo. 

O presidente e fundador da Ciclano, Maurício Castro, 40, relata que a startup nasceu no final de 2015. No ano passado, a Ciclano foi escolhida para receber o apoio da aceleradora canadense Launch Academy para avançar mais no projeto de fazer transmissão ao vivo e distribuir conteúdo em uma única plataforma.

Até chegar ao MobiAbert, a Ciclano já fazia streaming para emissoras. Além da qualidade do som em tempo real, o serviço permite continuar transmitindo a programação de forma digital e automática, na madrugada e quando há queda de energia. Para pequenas rádios, esses fatores garantem um padrão antes só possível para as capitais.

O rádio alcança 91,9% da população brasileira e é o veículo de maior capilaridade.

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