Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Vai faltar comida? Entenda se há risco de desabastecimento pelo país

Corrida por estoque de alimentos e combustível pode agravar problemas

Supermercado no Leblon, no Rio, com prateleiras vazias
Supermercado no Leblon, no Rio, com prateleiras vazias - Lucas Landau/Folhapress
 
 
Natália Portinari
São Paulo

A notícia de que o abastecimento de alimentos e combustíveis das cidades brasileiras foi prejudicado pelas manifestações de caminhoneiros provocou uma corrida por suprimentos, que pode agravar a escassez de produtos ao longo desta sexta-feira (24).

Houve atraso nos carregamentos de frutas e legumes no Ceagesp, de São Paulo, nos Ceasa (do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Ribeirão Preto), e na Feira de São Joaquim, em Salvador.

Isso não significa, porém, que os estoques dos atacadistas, que adquirem esses alimentos, estão acabando, nem que os supermercados estejam todos com prateleiras vazias.

Os estabelecimentos têm opções para minimizar a falta de estoque, como o uso de veículos pequenos para retirar alimentos dos Ceasa e o remanejamento de estoque entre lojas das mesmas redes, diz a Associação Paulista de Supermercados.

A associação aponta que os principais itens em falta em São Paulo são frutas, legumes, verduras, carne, leite e derivados. Não é recomendável fazer estoques, pois a situação das estradas pode se normalizar a qualquer momento. 

Vai faltar gasolina e álcool?

Os combustíveis já se esgotaram em diversos postos devido a uma procura acima do comum dos consumidores. Os caminhões para repor gasolina, diesel e etanol não estão chegando para abastecer os postos na maioria dos estados, mas o aumento na demanda agrava o problema.

A Folha procurou os sindicatos de postos de gasolina de todos os estados da federação nesta quinta-feira (24). Oito deles —TO, PR, SP, RJ, RS, SC, DF e MA— relataram que estão com estoque prestes a acabar nos postos devido a interrupções no transporte das distribuidoras.

"Com a corrida aos postos, a gasolina em São Paulo não tinha como durar mais que dois dias", diz José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro, dos postos de São Paulo. "O primeiro produto a acabar é o etanol, que é o mais barato."

Mais de 90% dos postos de combustíveis do Rio e de Salvador já estão secos, de acordo com as entidades locais.

Um dos efeitos é a redução da frota de ônibus urbanos, problema que já aflige São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Rio e outras capitais. Na manhã desta sexta-feira, circulou 57% da frota de ônibus do município de São Paulo. 

A prática adotada por alguns postos de gasolina de aumentar preços em momentos de escassez e alta procura é considerada abusiva ao consumidor e deve ser denunciada ao Procon de cada estado.

Panorama dos postos de combustível

Veja, abaixo, levantamento da Fecombustíveis (federação de postos) sobre situação em cada estado.

  • Bahia: cerca de 90% dos postos de combustíveis em Salvador estão sem produto.
  • Ceará: começa a ter faltas pontuais em alguns postos, com aumento da demanda de consumidores, mas, no geral, há combustíveis.
  • Distrito Federal: mais de 90% dos postos de combustíveis sem produto.
  • Espírito Santo: praticamente todos os postos sem produtos, principalmente gasolina.
  • Mato Grosso: a grande maioria já registra falta de produtos.
  • Minas Gerais: poucos postos ainda têm estoque de produtos para atender à demanda.
  • Paraná: poucos postos em Curitiba ainda têm estoque para atender à demanda de consumidores.
  • Rio de Janeiro: mais de 90% dos postos do município do Rio de Janeiro está sem produtos.
  • Rio Grande do Sul: em Porto Alegre, não há mais produtos para atender à população. No interior, principalmente Passo Fundo e em Santa Maria ainda é possível encontrar combustíveis.
  • Santos (SP) e região: mais de 90% dos postos sem produtos para atender à população na Baixada Santista e Vale do Ribeira.
 
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