Vencedor de disputa pela Eletropaulo será conhecido nesta quarta-feira

Italiana Enel e a Neoenergia, da espanhola Iberdrola, disputam a distribuidora

Técnico da Eletropaulo trabalha em poste na região de Pinheiros, na zona oeste
Técnico da Eletropaulo trabalha em poste na região de Pinheiros, na zona oeste - REUTERS
Madri e São Paulo | Reuters

​Uma disputa entre a italiana Enel e a Neoenergia, da espanhola Iberdrola, pela aquisição da maior distribuidora de energia do Brasil em faturamento, a Eletropaulo, terá o vencedor conhecido na noite desta quarta-feira, prazo para que as empresas apresentem suas ofertas finais pela companhia.

A maior proposta pela elétrica, que tem entre os sócios a norte-americana AES e o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar), é no momento da Enel, a R$ 32,20 por ação, o que pode envolver até 5,39 bilhões de reais pela totalidade da empresa.

Mas a Neoenergia, que ofereceu R$ 32,10 por papel, já disse que está disposta a elevar o valor, embora "com limites".

Um leilão em que a melhor oferta será levada para decisão dos acionistas da companhia está agendado para 4 de junho.

Mas as últimas propostas pela empresa serão apresentadas a partir das 19 horas desta quarta-feira. Após a entrega dos lances, Enel e Neoenergia ainda poderão elevar seus preços pela aquisição em caso de empate, segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

O Conselho de Administração da Eletropaulo recomendou aos acionistas que aceitem a oferta mais elevada que surgir em meio ao processo, segundo ata de reunião do colegiado divulgada pela empresa.

"Considerando-se a possibilidade de as ofertantes aumentarem o preço de suas ofertas, a avaliação favorável à aceitação da oferta poderá referir-se a uma nova oferta mais elevada do mesmo ofertante (Enel) ou do seu competidor (Neoenergia)", disse a elétrica em nota.

A briga entre os europeus pela Eletropaulo significa também uma competição pela liderança no mercado brasileiro de distribuição de eletricidade, uma vez que qualquer das empresas que fique com a companhia ultrapassará a atual primeira colocada no segmento, a CPFL, da chinesa State Grid.

A importância estratégica da Eletropaulo, que opera no mercado de maior renda do Brasil, tornou a empresa um dos ativos mais cobiçados do mundo no setor de energia e fez o valor das ações da distribuidora saltarem de cerca de R$ 14 em fevereiro para R$ 34,75  nesta quarta-feira.

CLIMA QUENTE

A disputa pela Eletropaulo também gerou críticas públicas entre as companhias —a Enel comprou anúncios em jornais para questionar um acordo anterior assinado entre a empresa e a Neoenergia, enquanto a Iberdrola chegou a entrar com queixas junto à Comissão Europeia por entender que os rivais teriam vantagem na disputa devido à participação do governo italiano na Enel.

O presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, ainda disse em entrevista à Reuters que o Brasil precisa ter cuidado para não acabar com seu setor elétrico dominado por "estatais estrangeiras". A empresa também entrou com um pedido de arbitragem envolvendo o negócio.

Mas em entrevista à rede televisiva CNBC nesta semana, o presidente da Enel, Francesco Starace, colocou panos quentes sobre a rivalidade e disse estar surpreso com a "agressividade" envolvida na concorrência.

"É um bom negócio, nós somos uma grande companhia, eles também são uma grande companhia, não vamos morrer ou algo assim se não fizermos esse negócio. Então eu não entendo toda essa 'testosterona' que eles estão jogando contra nós", afirmou.

A Eletropaulo atende cerca de 18 milhões de consumidores, segundo informações do site da companhia.

A empresa tem como um dos acionistas a Eletrobras, que pretende levantar cerca de 80 milhões de reais com a venda de uma pequena fatia detida na companhia por meio de sua controlada Eletropar.

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