Vice-ministro polonês vê falta de reciprocidade em acordo Mercosul-UE

Em visita ao Brasil, Marek Magierowski defendeu agricultores poloneses

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São Paulo

Reciprocidade. Para o vice-ministro polonês de Relações Exteriores, é a ausência desta que vem emperrando as negociações entre Mercosul e União Europeia sobre um acordo de livre comércio.

O vice-ministro de Relações Exteriores da Polônia, Marek Magierowski, em entrevista à Folha em São Paulo
O vice-ministro de Relações Exteriores da Polônia, Marek Magierowski, em entrevista à Folha em São Paulo - Denise Andrade/Divulgação

"O mais importante é reciprocidade. Se os agricultores poloneses tivessem acesso livre ao mercado brasileiro, então acredito que seria mais fácil falar de uma abertura mais ampla de ambos os mercados", disse Marek Magierowski nesta segunda-feira (7), durante visita a São Paulo com uma comitiva de empresários poloneses.

A agropecuária é uma das questões mais sensíveis nas negociações. Os agricultores poloneses, juntamente dos franceses, são os mais resistentes a uma maior entrada de produtos agrícolas oriundos do Mercosul.

A atual oferta europeia é de uma cota de 99 mil toneladas por ano livres de tributação —os países do Mercosul pedem 300 mil toneladas. Hoje, a UE consome cerca de 200 mil toneladas de carne bovina importada do Mercosul.

Recentemente, as investigações da Operação Carne Fraca da Polícia Federal deram mais munição aos agricultores franceses que falam contra a assinatura do acordo, que é negociado pela Comissão Europeia, o braço Executivo da UE, e precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu.

A entrada do etanol no bloco europeu também é alvo de disputa, já que a UE ofereceu 600 mil litros, abaixo do 1 milhão que foi oferecido em 2004.

Já os países do Mercosul —Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai— hesitam em abrir o mercado de automóveis no prazo desejado pela UE. O Mercosul ofereceu zerar as tarifas de importação em 15 anos, baixaram para 12, mas os europeus querem um prazo de oito anos.

"A União Europeia é um organismo político de 28 membros. As negociações mais duras, mais difíceis, são dentro da UE", afirmou Magierowski, 47, que está no cargo há um ano e coordena a diplomacia econômica da Polônia.

Além de França e Polônia, também são críticas de pontos do acordo os governos de Áustria, Irlanda, Hungria, Romênia, Eslovênia e Eslováquia.

Magierowski, no entanto, disse acreditar que o acordo futuro "trará benefícios para o Brasil e para a Polônia". Ele enfatizou que o país é um defensor do livre comércio.

"Estamos muito preocupados com algumas tendências que apareceram ultimamente em vários governos mundiais de reduzir, limitar esse livre comércio, do qual nós nos aproveitamos durante tantos anos", afirmou. Questionado sobre se o presidente americano, Donald Trump, seria um desses líderes, Magierowski apenas sorriu.

A UE exportou em 2016 ao Mercosul bens equivalentes a € 43,2 bilhões (R$ 182 bilhões) e importou outros € 41,6 bilhões (R$ 175 bilhões).

A balança comercial Brasil-Polônia vem de um ano de crescimento, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior. Em 2017, o volume de exportações foi de US$ 595 milhões (R$ 2,1 bilhões), um aumento de 39% em relação ao ano anterior. Já as importações foram de US$ 560,7 milhões (R$ 1,9 bilhão), avanço de 15%.​

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